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SD oficializa Aldo como nome à Presidência com promessa de "pacificar esquerda e direita"

16.abr.2018 - Aldo Rebelo foi oficializado, em São Paulo, como pré-candidato à Presidência pelo Solidariedade - Janaina Garcia/UOL
16.abr.2018 - Aldo Rebelo foi oficializado, em São Paulo, como pré-candidato à Presidência pelo Solidariedade Imagem: Janaina Garcia/UOL

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

16/04/2018 17h54Atualizada em 16/04/2018 23h39

Com a promessa de "pacificar esquerda e direita", o ex-ministro Aldo Rebelo foi oficializado nesta segunda-feira (16), em São Paulo, como pré-candidato à Presidência pelo Solidariedade. O partido, especialmente na figura de seu presidente nacional, o deputado federal Paulo Pereira, o Paulinho da Força, foi um dos líderes do movimento que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT), em 2016, no Congresso.

Ex-ministro da Defesa, dos Esportes e da Ciência e Tecnologia nos dois mandatos de Dilma e da Coordenação Política no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, Aldo estava em conversa com o SD desde o fim do ano passado. Militante histórico do PCdoB, acabou aderindo este ano ao PSB - mas deixou a sigla semana passada logo depois de a legenda assinar a filiação do ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, cotado para disputar a Presidência.

No evento de filiação ao SD, Aldo foi apresentado por Paulinho como “alguém para pacificar este momento”.

“Não pode continuar essa briga de rua, essa história de esquerda e direita. Você, Aldo, pode fazer a pacificação: nunca teve uma denúncia contra você, que passou por tudo isso limpo e será o cara que fará essa pacificação”, definiu o presidente nacional do partido.

O parlamentar lembrou que Aldo relatou o Código Florestal — motivo pelo qual, segundo ele, teria qualificação para dialogar com os extremos da atual conjuntura. “Ele consegue conversar com os dois lados. É um comunista que é quase capitalista; trabalha para os dois lados”, completou Paulinho.

Célebre no anedotário político pós-impeachment depois de fazer uma tatuagem temporária com o rosto do presidente Michel Temer (MDB) no próprio braço, ano passado, o deputado federal Wladimir Costa (SD-Pará) também exaltou as qualidades de pacificador do pré-candidato e o comparou a um ansiolítico: “Ele é uma espécie de Rivotril; é quem acalmará as pessoas nesse processo.”

Aldo destacou o “momento político grave que vivemos”, mencionou Lula indiretamente —“quando o líder nas pesquisas está preso, significa que algo de muito grave está acontecendo” —e defendeu que este é também “momento de desorientação dos rumos, das perspectivas e dos objetivos nacionais que eram chamados de permanentes e foram substituídos pela fragmentação.”

“O Brasil precisa encontrar consensos, e o consenso é que o país precisa para voltar a crescer”, definiu.

Natural de Alagoas, o ex-comunista lembrou da infância pobre e citou que o pai fora funcionário não registrado da fazenda de Teotônio Vilela — que viria a ser um dos mentores do PSDB. A mãe ficou viúva aos 27 anos. “Mas Teotônio bancou um tempo o salário do meu falecido pai a ela”, ressalvou. 

Indagado se a filiação de Barbosa ao PSB o desmotivou a permanecer na sigla, Aldo definiu: “Tenho um grande respeito pelo ex-ministro Joaquim Barbosa, ele tem todo o direito de começar sua vida política, mas a agenda dele não é a minha agenda para a política”, disse. “Sou um político nacionalista, de tradição democrática, de luta em defesa dos interesses nacionais, dos trabalhadores. Das liberdades políticas. Essa é a minha origem, esses são os meus compromissos. Quando vi que havia uma inclinação do partido pela candidatura dele, tive atitude a de respeitar essa preferência, mas discordar”, explicou.

"Saída de Lula arrefeceu a polarização", diz secretário do SD

Para o secretário nacional do Solidariedade, Luiz Antônio Adriano da Silva, a presença de Aldo no partido deve conferir “uma visão mais social e capaz de aglutinar forças” ao partido em uma eventual disputa.

“Tive uma conversa mostrando a ele que a esquerda está fragmentada. Aldo foi ministro de quatro pastas e pode aglutinar forças, mas sabemos que não será em uma geração que a esquerda vai se recuperar”, disse. 

Indagado se o Solidariedade descarta coligar em torno de outra candidatura, que não a do ex-ministro, Silva resumiu: “A política é dinâmica, estamos abertos a negociações. Mesmo porque a saída de Lula arrefeceu a polarização e a possibilidade de se conversar com todas as frentes”, definiu.

Sem constrangimento por Lula e PT

Ao UOL, Aldo negou qualquer constrangimento em se filiar a um partido que contribuíra para a queda de uma presidente com quem havia trabalhado em dois mandatos. Sobre isso, ele destacou a boa relação de Paulinho com Lula, a ponto de, no feriado do 1º de Maio deste ano, a Força Sindical realizar um ato juntamente com outras centrais sindicais em Curitiba, cidade onde Lula está preso há pouco mais de uma semana para cumprir pena de 12 anos e um mês de prisão pelo caso do tríplex, da Operação Lava Jato.

"A política se faz olhando para frente”, resumiu. “Creio que os compromissos que orientam o Solidariedade para o futuro são os compromissos dos quais Lula sempre se valeu“, completou. 

Se é o fim de Lula como candidato presidencial? ”Na política há sempre um recomeço, uma possibilidade da ressurreição. Que Lula vai ter influência na sucessão do presidente Temer, eu não tenho dúvida nenhuma. Que Lula seja candidato, eu tenho quase todas as dúvidas.“