"Foi tratado de maneira selvagem", diz defesa de Cabral após depoimento sobre algemas
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) prestou depoimento nesta quinta-feira (19) sobre o uso de algemas nas mãos e nos pés na chegada ao IML (Instituto Médico Legal) de Curitiba, em janeiro desse ano.
Após a audiência, realizada na sede do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), no centro da capital fluminense, o advogado do político, Rodrigo Roca, afirmou que não poderia revelar o teor das declarações, pois o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, autor do pedido de investigação, decretou o sigilo dos autos.
Roca defendeu a necessidade de apurar a conduta da Polícia Federal, que foi responsável pela escolta e pelo deslocamento de Cabral a Curitiba. Na visão dele, Cabral foi tratado de "maneira selvagem".
"Em primeiro lugar, não havia fundamento legal para isso [uso de algemas]. Segundo: o ex-governador esteve em Curitiba outras duas vezes e as algemas não foram usadas. Aliás, nunca nenhum preso da Lava Jato ou não foi tratado daquela maneira selvagem dada ao ex-governador quando ele esteve em Curitiba. É evidente que isso precisa ser apurado", declarou.
Cabral chegou e saiu do TRF-2 na caçamba de um carro da PF. O depoimento durou cerca de 40 minutos, segundo o advogado. Na audiência, ele respondeu a questionamentos feitos pelo magistrado instrutor Ali Mazloum, que trabalha no gabinete de Gilmar Mendes.
Ao deixar o tribunal, o ex-governador foi hostilizado por um pequeno grupo de transeuntes que acompanhava a movimentação em frente ao prédio.
O advogado de Cabral também disse estar confiante de que o Supremo não vai acatar o pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. A representante do MPF (Ministério Público Federal) havia solicitado à Corte o arquivamento da investigação, com o argumento de que já havia um inquérito em curso sobre o mesmo assunto.
"O ex-governador esteve em Curitiba por quase quatro meses. Se essa investigação já existia, ele sequer foi ouvido. E, na investigação determinada pelo Supremo, ele já foi ouvido. Está em andamento e outras pessoas serão ouvidas também. Me parece que está sendo pelo menos eficiente essa investigação inaugurada pela Suprema Corte", diz o advogado.
"Não acredito que esse pedido de arquivamento por parte da Procuradora-geral traga qualquer tipo de prejuízo a essa investigação. Mas isso é uma decisão da Corte", completou.
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