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Em carta para ato de 1º de Maio, Lula diz que "democracia está incompleta"

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Curitiba

01/05/2018 20h07

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a “democracia está incompleta” no Brasil em carta enviada da prisão para o ato pelo Dia do Trabalhador realizado nesta terça (1º) em Curitiba. Com presença de presidenciáveis, o evento foi organizado por centrais sindicais e teve como motes a defesa de Lula e a oposição à reforma trabalhista do governo de Michel Temer (MDB).

“É com tristeza que vivemos um momento onde a nossa democracia está incompleta, com um presidente que não foi eleito pelo povo no poder”, disse Lula na mensagem, lida pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT.

O ex-presidente destacou números sobre o desemprego, que “cresce e humilha o pai de família e a dona de casa”, e classificou a reforma trabalhista como “o mais duro golpe nos direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo do século 20.”

Como vinha fazendo em seus discursos nos meses que precederam a sua prisão, Lula buscou despertar a memória dos governos petistas com sua carta, mencionando o que chamou de “prosperidade do Brasil naqueles tempos.”

Ao fim da leitura da mensagem, Gleisi reafirmou que o PT lançará Lula como candidato a presidente. Além de estar preso, o petista corre o risco de ficar inelegível. Ele continua liderando as pesquisas de intenção de voto.

“Se alguém falar de plano B para vocês, não acreditem”, disse a senadora.

Mais cedo, o ex-governador baiano Jaques Wagner, também do PT, não descartou que o partido lance um nome para vice-presidente de uma chapa encabeçada por um nome de outra legenda caso Lula não possa disputar a eleição.

ato - Ricardo Stuckert ‬/Divulgação - Ricardo Stuckert ‬/Divulgação
Ato reuniu, da esq. para a dir., Aldo, Haddad, Manuela, Boulos e Gleisi, entre outros, em Curitiba
Imagem: Ricardo Stuckert ‬/Divulgação

Vaias a ex-ministro de Lula e Dilma

O ato em Curitiba foi idealizado para ser uma demonstração de unidade das centrais sindicais e de alguns presidenciáveis em torno da defesa de Lula e do combate à reforma trabalhista, mas faltou combinar com o público quando Aldo Rebelo, pré-candidato do Solidariedade, foi discursar.

Aldo foi ministro de Relações Institucionais no primeiro mandato de Lula e comandou as pastas de Esportes, Ciência e Tecnologia e Defesa nos governos de Dilma Rousseff, mas a militância presente não perdoou o fato de ele agora integrar um partido que apoiou o impeachment da petista.

Apesar do histórico de ligação com os governos petistas e de fazer um curto discurso defendendo Lula, Aldo foi vaiado do início ao fim em um discurso de cerca de quatro minutos, além de ter sido chamado de “golpista”.

Levantando a voz para duelar com a vaia, o presidenciável desafiou os presentes.

“Se nós não somos capazes de manter a tolerância em um ato como esse, nós não temos autoridade para pedir a unidade do povo brasileiro em defesa dos trabalhadores e da democracia”, disse, já gritando. “Se não somos capazes de manter a unidade em um ato como esse, que autoridade nos restará para apelar às forças mais amplas do país para impedir a escalada do fascismo que ameaça as conquistas e os direitos democráticos do povo?”

O Solidariedade é ligado à Força Sindical --o presidente do partido é o mesmo da central sindical, deputado federal Paulinho da Força, que foi apoiador de primeira hora do impeachment de Dilma.

“A Força Sindical do Paraná não é a do Paulinho”, disse a presidente da CUT no Estado, Regina Cruz, tentando conter parte do público que também vaiou falas de integrantes da Força Sindical.

Além de Aldo Rebelo, os outros presidenciáveis que participaram do ato em Curitiba foram Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB). Ambos também fizeram curtos discursos em que marcaram sua oposição às reformas propostas pelo governo Temer e defenderam a liberdade de Lula.