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Temer diz não se importar com quebra de sigilo telefônico: "Vão quebrar a cara"

Marcos Corrêa/PR
Imagem: Marcos Corrêa/PR

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

07/06/2018 19h36Atualizada em 07/06/2018 20h15

O presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta quinta-feira (7) que não se incomodaria com uma eventual quebra de seu sigilo telefônico. A afirmação foi dada à TV Brasil e gravada antes da decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, que não atendeu a um pedido da PF (Polícia Federal) para acessar o histórico telefônico do presidente.

"Chega ao desplante [atrevimento] de pedir a quebra do sigilo telefônico. Se quebrar, fiquem à vontade. Peguem todos os meus telefonemas, verifiquem o que eu falei, porque se me permite a expressão grosseira, eles vão quebrar a cara", disse Temer.

Temer também classificou as investigações que estão em andamento contra ele como um “esquartejamento político e moral”.

O presidente é alvo de um inquérito que apura se a Odebrecht repassou R$ 10 milhões para seu partido, o MDB. O repasse teria sido acordado em um jantar no Palácio do Jaburu. Em maio de 2014, quando Temer era vice-presidente, recebeu em sua residência oficial, o Palácio do Jaburu, em Brasília, os então executivos da Odebrecht Marcelo Odebrecht e Cláudio Melo Filho para o evento. Temer estava acompanhado do deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) -- atual ministro da Casa Civil. 

De acordo com a delação premiada de Cláudio Melo Filho, Temer solicitou os recursos “direta e pessoalmente para Marcelo [Odebrecht]”. Segundo ele, o dinheiro teria sido prometido ao MDB para ser utilizado como caixa 2 para a campanha eleitoral daquele ano. Temer, no entanto, diz que pediu o valor legalmente.

“Lamento dizer que esse não é um movimento investigativo, é um movimento político”, afirmou o presidente, dizendo que “a todo momento” se pede prorrogação do inquérito para “verificar como se pode alcançar o Presidente da República”. Ação que, segundo ele, não encontra nada.

"O sujeito pesquisa, pesquisa, e não há nada", disse. “Digo mais uma vez: podem repastar-se à vontade. Não tenho nenhuma preocupação com isso. Mas não pode continuar assim”, afirmou.

Apesar de dizer que a situação é “insuportável”, Temer afirmou que as investigações contra ele não o paralisam. "Essas coisas tentam desmoralizar o governo, mas ao contrário de me desvitalizar, revitaliza. É por isso que nós continuamos".

Temer já teve seu sigilo bancário quebrado autorizado pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso em março deste ano, no âmbito de uma investigação de supostos crimes na edição do chamado decreto dos Portos.

O presidente disse que, na ocasião, foi orientado a recorrer da decisão de Barroso, mas que optou por não fazê-lo porque não queria passar a mensagem de que teria “medo” de mostrar suas “modestíssimas contas bancárias”. Mesmo assim, o presidente criticou a medida --que, segundo ele, foi realizada por motivações políticas.

Eleições e Copa do Mundo

Durante a entrevista, Temer elogiou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pré-candidato à Presidência por seu partido, o MDB. “Acho que o Meirelles representa uma continuidade. O povo brasileiro, o mercado brasileiro não quer uma descontinuidade”, disse. Segundo ele, apesar de existirem “divergências” dentro do MDB, Meirelles é o nome favorito pela maioria de dentro do partido.

Questionado se iria à Rússia para a festa de abertura da Copa do Mundo, que acontece no próximo dia 14, Temer disse que foi convidado para o evento, mas está com “dificuldade” para ir. “Não posso deixar de reconhecer que o Brasil exige a presença do seu comandante”, afirmou o presidente, sem citar diretamente os problemas decorrentes da greve de dez dias feita por caminhoneiros.

O presidente disse ver com “otimismo” o período da Copa. “No geral, quando há Copa do Mundo, há uma recuperação do patriotismo. É uma coisa importante.”