Sem Biden, foto do G20 realça a presença do fantasma de Trump
A foto do ano correu o mundo na tarde desta segunda-feira. Foi clicada nos jardins do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com o Pão de Açúcar ao fundo. Nela, perfilaram-se os líderes de nações ricas e em desenvolvimento.
O presidente americano Joe Biden não aparece na imagem. Chegou atrasado. Sua ausência realçou a presença ameaçadora do fantasma de Donald Trump na cúpula do G20.
Biden veio ao Rio no ocaso de sua administração. Tratado nos Estados Unidos como um "pato manco", assumirá compromissos políticos e econômicos que Trump transformará em letra morta ao reassumir a Casa Branca, em janeiro de 2025.
Consensos mínimos em torno de temas como transição climática, tributação de super-ricos e reforma de organismos multilaterais tendem a virar meros asteriscos sem o comprometimento de Trump.
A flacidez do acordo seria maior se o presidente argentino, Javier Milei, presente na foto oficial como uma espécie de Mini-Trump, se recusasse a assinar comunicado final do G20. O governo da Argentina decidiu não vetar o texto. Mas fixou ressalvas ao conteúdo que será divulgado nesta terça-feira.
Com unanimidade, o texto seria pelo menos um contraponto civilizatório ao descompromisso de Trump com a agenda global. Fragmentado por ressalvas, o expressaria precários, válidos apenas até certo ponto. O ponto de interrogação.
Anfitrião do G20, que reuniu no Rio mais de 80% do PIB mundial, Lula não sentiu falta de Biden. O cerimonial do G20 tampouco se preocupou em retardar o clique, para esperar o presidente americano, que esticou um encontro bilaterial com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
Supervalorizando uma relevância que já não possui, Biden virou protagonista de uma inusitada reedição do filme "Esqueceram de Mim". Converteu o retrato oficial do G20 num espetacular resumo gráfico de uma nova era, marcada pelo encruzilhada em que se encontra o mundo, à espera da volta do grotesco à Casa Branca.
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