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Justiça prorroga prisão temporária de ex-secretário de Alckmin

22.jan.2018 - Laurence Casagrande Lourenço foi presidente da Dersa e secretário de Logística e Transportes durante o governo Geraldo Alckmin. Atualmente, é presidente da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) - Keiny Andrade/Folhapress
22.jan.2018 - Laurence Casagrande Lourenço foi presidente da Dersa e secretário de Logística e Transportes durante o governo Geraldo Alckmin. Atualmente, é presidente da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) Imagem: Keiny Andrade/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

26/06/2018 00h27

A Justiça Federal em São Paulo decidiu, na noite desta segunda-feira (26), prorrogar por mais cinco dias a prisão temporária do ex-secretário de Transportes e Logística e ex-presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário) Laurence Lourenço Casagrande e de mais seis presos. Até ser preso na última quinta (21), ele ocupava a presidência da Cesp (Companhia Energética de São Paulo).

Eles faziam parte de um grupo de 15 servidores presos no âmbito da operação Pedra no Caminho, desdobramento da Operação Lava Jato em São Paulo. Oito deles acabaram soltos na sexta-feira (22) por decisão da juíza Maria Isabel do Prado após o MPF (Ministério Público Federal) alegar que não havia mais interesse na prisão deles para as investigações.

A decisão desta segunda-feira da Justiça Federal, proferida em audiência de custódia, atendeu a posição do MPF pela manutenção das sete prisões temporárias.

O advogado de Laurence Casagrande, Eduardo Carnelós, classificou a prisão do seu cliente como “injusta” e uma “crueldade” e disse que o ex-presidente da Dersa tratou os aditivos do trecho norte do rodoanel de forma técnica e legal.

Aliado de longa data do ex-governador e pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin (PSDB), Lourenço Casagrande e os demais investigados haviam sido presos pela Polícia Federal sob a suspeita de desviar dinheiro nas obras do trecho Norte do Rodoanel Mário Covas, marco do governo Alckmin em São Paulo.

Após a prisão, Alckmin afirmou em agenda de pré-campanha, no Rio, dar “todo o apoio à investigação, total”. “Nosso secretário de Transportes (Saulo Abreu) foi membro do Ministério Público, procurador. Que se investigue, que seja investigação rápida e profunda", disse o tucano, , para quem o efeito da operação da PF em sua candidatura em outubro será "nenhum".

Sábado (23), em agenda por Campina Grande (PB), o tucano voltou a defender a apuração do caso, mas fez questão de classificar o ex-secretário como “uma pessoa séria”. “É uma pessoa com uma enorme folha de serviços ao estado. Vamos aguardar”, disse o ex-governador

Segundo as investigações, a Dersa pagou aditivos no valor de R$ 600 milhões às empreiteiras OAS e Mendes Júnior de forma irregular. O esquema de pagamento irregular era feito por meio de alterações nas planilhas de custos das obras do trecho norte do rodoanel. As obras do rodoanel norte foram iniciadas em 2013, sob a gestão de Alckmin, e ainda não foram finalizadas.

De acordo com o MPF, os pagamentos adicionais às empreiteiras que conduziam as obras contrariaram um laudo do IPT (Instituto de Pesquisas Técnicas). O delegado da PF Victor Paulo Ferreira disse que funcionários da Dersa admitiram em depoimento que a orientação para os pagamentos irregulares partiu da direção da estatal.

Diretores presos

A Operação "Pedra no caminho" foi às ruas prender 15 pessoas suspeitas de envolvimento em desvios nas obras do trecho Norte do Rodoanel; seu principal alvo foi Lourenço. As empreiteiras que participam são OAS e Mendes Junior. A construção ainda não terminou. De acordo com as investigações que resultaram na operação, teria havido um sobrepreço de R$ 600 milhões.

Esta é a segunda vez em dois meses que diretores da Dersa durante a gestão do ex-governador Geraldo Alckmin são presos por suspeitas de fraude em obras administradas pela estatal.

Em abril, o ex-diretor da empresa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi preso pela Polícia Federal. Ele é suspeito de ser um dos operadores do recebimento de propina paga por empreiteiras ao PSDB.

Ele nega sua participação nas irregularidades, mas documentos enviados ao Brasil pela Suíça indicam que ele mantinha R$ 113 milhões em contas no país europeu. A suspeita é de que parte desse dinheiro seja resultado do pagamento de propina.

Depois da primeira prisão, Paulo Preto foi solto por um habeas corpus deferido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Em maio, ele foi preso novamente sob suspeita de coagir testemunhas relacionadas à investigação. Mais uma vez, foi solto por outro habeas corpus de Mendes.

* Com infirmações de Leandro Prazeres. do UOL