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Justiça do DF absolve Geddel de acusação de obstrução de Justiça

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

04/07/2018 19h16

O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça de Brasília, absolveu nesta quarta-feira (4) o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MBD-BA) da acusação de obstrução de Justiça.

Neste processo, Geddel responde por supostas tentativas de atrapalhar as investigações de outro caso, que apura um esquema de cobrança de propina em troca de liberação de empréstimos da Caixa Econômica Federal a empresários.

Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa entre 2011 e 2013, no governo Dilma Rousseff (PT). Ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer (MDB), ele também foi ministro da Integração Nacional (2007-2010) no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em agosto de 2017, Geddel foi acusado pelo MPF (Ministério Público Federal) de tentar constranger o empresário Lúcio Funaro para que ele não firmasse um acordo de delação premiada. Os procuradores pediam que o ex-ministro fosse condenado a 7 anos de prisão. Segundo o Ministério Público, Geddel efetuou ligações telefônicas para a mulher de Funaro, Raquel Pita, com a intenção de monitorá-lo para persuadi-lo a não colaborar com as investigações. 

Oliveira afirmou que, em juízo, Raquel Pita disse que Geddel não a coagiu em nenhum momento e acrescentou que as ligações do ex-ministro sempre foram em relação à amizade e proximidade do seu marido com Geddel.

“Além disso, não foram captadas mensagens ou registros telefônicos que demonstrem atos concretos de temor ou constrangimento de Lúcio, ou demais elementos probatórios que denotem o escopo delitivo apontado pelo MPF, de que teria havido monitoramento nocivo por parte de Geddel”, escreveu o juiz.

Oliveira disse ainda que não há provas de que as ligações telefônicas de Geddel para Raquel Pitta tivessem como objetivo influenciar Funaro a não colaborar com as investigações ou dissuadi-lo a não confessar fatos envolvendo o ex-ministro.

"Não há prova de que os telefonemas tenham consistido em monitoramento de organização criminosa, tampouco de que ao mandar um abraço para Funaro, nos telefonemas dados a Raquel, o acusado Geddel, de maneira furtiva, indireta ou subliminar, mandava-lhe recados para atender ou obedecer à organização criminosa", afirmou Oliveira.

Geddel está preso desde setembro de 2017, quando a PF (Polícia Federal) descobriu um apartamento ligado ao ex-ministro onde havia caixas e malas contendo aproximadamente R$ 51 milhões. Ele está detido no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.