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Gleisi compara à ditadura pedido da Lava Jato para tirá-la da defesa de Lula

Gleisi Hoffmann, na foto com o ex-ministro Jaques Wagner, integra o quadro de advogados de Lula e pode visitá-lo a qualquer momento na PF - Everson Bressan - 3.mai.2018/Futura Press/Estadão Conteúdo
Gleisi Hoffmann, na foto com o ex-ministro Jaques Wagner, integra o quadro de advogados de Lula e pode visitá-lo a qualquer momento na PF Imagem: Everson Bressan - 3.mai.2018/Futura Press/Estadão Conteúdo

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

15/08/2018 14h27Atualizada em 15/08/2018 15h39

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, criticou o pedido da força-tarefa do MPF (Ministério Público Federal) da Operação Lava Jato para que ela seja afastada do quadro de advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Jamais se viu limitar a visita de advogado ao réu. Nem na ditadura!”, escreveu Gleisi, nesta quarta-feira (15), em seu perfil no Twitter. Na nota, ela chama o MP de "antro de exceção".

A Lava Jato alega que a Justiça decidiu que parlamentares não podem exercer a advocacia enquanto exercerem mandato político. Também advogado de Lula, o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) conseguiu, por meio de um recurso, liberação para visitar o ex-presidente de forma limitada.

Em petição apresentada à juíza Carolina Lebbos, responsável pelo processo de execução da pena de Lula, o MPF criticou a quantidade de visitas recebidas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na prisão.

O principal ponto da reclamação da Lava Jato é a "proliferação de advogados que estão juntando procuração aos autos da execução, todos eles parlamentares ou em postos de lideranças no Partido dos Trabalhadores", segundo o documento.

Desde o início do cumprimento da pena, também passaram a ser advogados de Lula o secretário de finanças do partido, Emídio de Souza e o ex-deputado federal Sigmaringa Seixas, além de Gleisi, Damous e do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, vice na chapa de Lula ao Planalto.

Os procuradores acreditam que as ações dos políticos inscritos como advogados "não se traduzem no exercício da defesa do apenado", o que, segundo o MPF, indicaria "abuso e não uso regular das prerrogativas do advogado".

Eles criticam em especial a presidente do PT, que passou a visitar Lula "com frequência inusual para quem não exerce efetivamente a defesa em autos judiciais".

Além do afastamento de Gleisi, que poderia visitar Lula apenas como amiga, em horário determinada, às quintas, a Lava Jato pede que a PF informe a "relação de dia e hora das visitas de qualquer natureza e espécie" a Lula "a fim de se comprovar se houve ou não abuso de prerrogativa". Os procuradores também querem mais detalhes sobre as "visitas de caráter religioso" em dia e horário diversos da visitação comum.

A Lava Jato diz que Lula transformou sua cela em "comitê de campanha". "Parece haver, em realidade, uma aparente tentativa de ludibriar as regras fixadas para visitação do encarcerado, possibilitando assim a visita em qualquer dia, desde que o visitante seja advogado", avalia a Lava Jato. "A juntada de instrumento de mandato aos autos é para o exercício da defesa nos autos judiciais da execução penal e não para o exercício de atividade política, como aparenta".

Não há prazo para que a juíza se manifeste a respeito do pedido da Lava Jato.

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AFP