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Moro no governo é "tragédia", ele deveria ir para o STF, avalia jurista

Leticia Moreira/Folhapress
Imagem: Leticia Moreira/Folhapress

Mariana Bomfim

Do UOL, em São Paulo

01/11/2018 14h24

O jurista Modesto Carvalhosa chamou de "tragédia" e "hecatombe" a ida do juiz Sergio Moro para o comando do superministério da Justiça. Em um evento em São Paulo nesta quinta-feira (1º), o ex-professor de direito da USP (Universidade de São Paulo) diz que, ao aceitar o convite feito pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o juiz da Lava Jato fortalece a tese de que a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi fruto de perseguição política, como defendido por petistas.

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Lula cumpre pena de 12 anos e um mês em Curitiba desde 7 de abril, após ser condenado por Moro por corrupção e lavagem de dinheiro. A segunda instância confirmou a condenação. O ex-presidente tentou concorrer nas eleições presidenciais deste ano e liderava as pesquisas de intenção de voto até ter sua candidatura barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com base na lei da Ficha Limpa.

Autor de obras sobre corrupção, Carvalhosa diz que o PT vai usar a participação de Moro no governo Bolsonaro para fortalecer a tese de perseguição a Lula, principalmente no exterior.

O PT tem grandes ramificações internacionais e deturpa inteiramente a realidade brasileira. Ele vai explorar esse fato de maneira exponencial, dizendo que houve conspiração política e que está agora comprovado”

Segundo ele, a tese ganha mais força lá fora porque aqui no Brasil "ninguém acredita na versão petista de que houve golpe".

"STF é contra a Lava Jato"

Carvalhosa elogiou a atuação de Moro na operação Lava Jato, dizendo que o juiz "já entrou para a história na casa dos 40 anos, assim como Márcio Moreira Alves". Deputado federal em 1968, Moreira Alves fez um discurso na Câmara contra a invasão da Universidade de Brasília por policiais militares. O discurso é considerado o estopim para a edição do AI-5 (Ato Institucional nº 5), que recrudesceu a ditadura militar.

Para o jurista, Moro "não precisava entrar em um governo, ao lado de gente como Magno Malta".

Ele devia esperar e ser indicado para o STF (Supremo Tribunal Federal), que é o que ele merece"

Carvalhosa diz também que, com a saída de Moro do judiciário, "a Lava Jato acaba, porque o STF é contra a operação".

"O STF é capturado pelos ministros que são militantes do PT, o [Ricardo] Lewandowski e o [José Dias] Toffoli, e seus aliados, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello". Na avaliação do jurista, o STF é uma "fábrica de habeas corpus de corruptos e corruptores" e tem "destruído muitas das iniciativas da Lava Jato".