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Lula deve receber visita de Haddad antes de ser interrogado por substituta de Moro

28.out.2018 - Haddad (PT) vota em São Paulo acompanhado pela mulher, Ana Estela Haddad - Ricardo Matsukawa/UOL
28.out.2018 - Haddad (PT) vota em São Paulo acompanhado pela mulher, Ana Estela Haddad Imagem: Ricardo Matsukawa/UOL

Nathan Lopes

Do UOL, em Curitiba

12/11/2018 19h54

O candidato derrotado do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, deve visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na manhã da próxima quarta-feira (14) na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba. No mesmo dia, Lula será interrogado pela juíza federal substituta Gabriela Hardt no processo do sítio de Atibaia, em que é réu ao lado de outras doze pessoas.

Se confirmada, essa será a segunda visita de Haddad ao ex-presidente após a eleição. Na semana passada, o ex-prefeito paulistano esteve na PF, mas não fez pronunciamentos após a visita. Haddad pode visitar o ex-presidente porque está registrado como advogado de Lula.

Essa deverá ser a última visita que Lula receberá nesta semana, já que quinta-feira (15) é feriado. A quinta-feira é o dia oficial de visitas em que Lula pode receber familiares e amigos. A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse que foi tentada a antecipação das visitas em virtude do feriado, mas não houve autorização.

Em pronunciamento na vigília instalada em frente à PF, Gleisi pediu que seja reforçada a convocação de militantes para quarta-feira, antes do interrogatório. A intenção é que se comece uma concentração a partir das 12h na região da Polícia Federal. "Nós precisamos ter muita gente aqui", disse a senadora. "Temos que resistir, contar a verdade para o povo. Nós queremos tirar o Lula dali".

Em razão do interrogatório, Lula deverá deixar a PF pela primeira vez desde 7 de abril, quando se entregou para começar a cumprir sua pena no processo do tríplex. Ao contrário das outras vezes, o esquema de segurança para a audiência com Lula ainda não havia sido divulgado até esta segunda-feira (12). Consultada pelo UOL, a PF disse que os detalhes serão definidos pela Justiça Federal. A hipótese de Lula ser interrogado por videoconferência não foi descartada, mas o mais provável é que a audiência conte com Lula na sede da Justiça Federal.

A vigília é o ponto de encontro de apoiadores de Lula que restou em atividade em Curitiba. Na semana passada, foi anunciado o encerramento do acampamento em apoio ao ex-presidente.

Durante todo o dia, Gleisi participou de uma reunião do comitê Lula Livre, realizada na sede do Sindipetro (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Refinação, Destilação, Exploração e Produção de Petróleo nos Estados do Paraná e Santa Catarina), em Curitiba. Além dela, estavam presentes o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o líder do MST (Movimento dos Sem Terra), João Pedro Stédile. Com o encontro, eles pretendem reforçar a agenda de atos. Segundo Stédile, as manifestações não foram constantes porque acreditava-se que Lula seria solto logo. “Por isso, agora estamos com uma perspectiva de uma jornada mais longa, que não se resolve em semanas”, disse.

Agora, o comitê já prepara uma jornada nacional em favor de Lula para o dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos –essa é a mesma data em que o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), deverá ser diplomado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A vigília também deverá receber uma ceia de Natal e uma festividade de Ano Novo.

Stédile fez o mais longo e crítico discurso entre os membros do comitê que se manifestaram. Ele chegou a cutucar indiretamente o candidato derrotado do PDT a presidente, Ciro Gomes. "Quem está preso aí é a esquerda brasileira, é a classe trabalhadora brasileira. É o PT, são todos os partidos, inclusive alguns deles que ficaram olhando o Lula preso e dizendo ‘ah, isso não é coisa minha’. Ou alguns, talvez até por oportunismo, já querendo ocupar o lugar", disse, sem citar o nome do pedetista. Ciro tentou se viabilizar como alternativa à Lula na eleição presidencial, o que foi barrado pelo ex-presidente de dentro da prisão.

Também sobrou para o presidenciável do PT. "Quem fez a campanha para o Haddad não foi o PT, não foi a televisão, que ninguém via. Quem fez a campanha para o Haddad no segundo turno, e espero que ele entenda, foi a militância, de porta em porta, de casa em casa", disse, sendo aplaudido pelos presentes na vigília. Para Stédile, essa deverá ser a tática para a campanha a favor de Lula. "Temos que convencer a sociedade de que Lula é inocente".

O líder do MST ainda disse o que deseja sobre Lula no interrogatório na quarta-feira. "Espero que ele aproveite o depoimento para mandar muita gente à merda”, disse.