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Bolsonaro critica imprensa "parcial" e diz que vai democratizar verbas

Gustavo Maia e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

07/01/2019 12h02

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) aproveitou o discurso que fez durante a posse de presidentes de bancos estatais nesta segunda-feira (7) para prometer o fim do que chamou de "privilégio" na destinação de verbas publicitárias do governo federal para determinados órgãos de imprensa "que não sejam parciais".

Durante sua fala, no salão nobre do Palácio do Planalto, ele afirmou ainda que "a imprensa livre é a garantia da nossa democracia".

Depois de dizer que conversou com as autoridades da área econômica do seu governo, Bolsonaro prometeu "democratizar as verbas publicitárias".

"Nenhum órgão de imprensa terá direito a mais ou menos naquilo que nós, de maneira bastante racional, viremos a gastar com a nossa imprensa", declarou.

"Nós queremos, sim, que vocês [imprensa] sejam mais fortes e isentos, e não sejam, como alguns infelizmente foram há pouco tempo ainda, parciais", acrescentou.

O presidente, no entanto, não citou especificamente nenhum veículo de comunicação. "Vamos acreditar em vocês, mas essas verbas publicitárias não serão mais privilegiadas para empresa 'A', 'B' ou 'C'", afirmou.

Bolsonaro disse ainda que vai buscar, junto ao Congresso, acabar com o chamado "BV", bonificação por volume paga por veículos de comunicação a agências de publicidade.

"Aprendi há pouco o que é isso, e fiquei surpreso e até mesmo assustado. Vamos eliminar essas questões para que a imprensa possa cada vez mais fazer um bom trabalho no Brasil", declarou.

Bolsonaro também disse que, durante sua gestão, as ONGs (Organizações Não-Governamentais) "sofrerão um rígido controle".

"A questão também de ONGs, parece que não tem importância, mas tem sim. Os recursos destinados, os que forem liberados para ONGs, sofrerão, como é da esperança de todos, um rígido controle, para que nós possamos então fazer com o que o recurso público seja bem utilizado."

Por meio de medida provisória editada na semana passada, o presidente incluiu entre as atribuições da Secretaria de Governo, comandada pelo general Carlos Alberto dos Santos Cruz, o monitoramento e a coordenação de ONGs e de organismos internacionais.

No início do discurso, Bolsonaro disse ter certeza de que o evento no Planalto estava concorrido porque havia no local "homens do dinheiro", mas, agora, afirmou ser "dinheiro do bem".

O presidente agradeceu ao apoio de primeira hora do ministro da Economia, Paulo Guedes, quando pretendeu se lançar candidato ao Palácio do Planalto e lembrou que, a partir de seu próprio desconhecimento econômico, começou a "namorar, no bom sentido", o economista.

Segundo Bolsonaro, os dois fortaleceram a amizade e a relação que, "pela tradição da política brasileira", poderia não se concretizar. Ele argumentou que o casamento ocorreu, no entanto, por conta dos novos anseios da população brasileira.

Bolsonaro deu posse aos presidentes dos três maiores bancos públicos do país em cerimônia no Palácio do Planalto. O ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff (PT) Joaquim Levy vai assumir o comando do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), enquanto Pedro Guimarães será presidente da Caixa Econômica Federal, e Rubem Novaes, do Banco do Brasil.

O presidente falou que Paulo Guedes, assim como os demais ministros, teve liberdade para escolher todo o primeiro escalão das pastas sem qualquer interferência política. Ele ressaltou que os novos titulares dos bancos também puderam escolher seus respectivos diretores. "Há pouco", segundo ele, uma das perguntas mais ouvidas era com qual partido político ficaria determinada diretoria dos bancos. Para ele, era um "sinal claro de que não poderíamos dar certo na economia".