Deputado do RJ toma posse com placa em homenagem a Marielle e gera polêmica
A exibição de uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no ano passado, gerou reações controversas por parte de parlamentares durante a cerimônia de posse da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) nesta sexta-feira (1º).
A divergência ocorreu porque a placa exibida pelo deputado Flávio Serafini (PSOL) era idêntica a uma outra que foi destruída pelo deputado Rodrigo Amorim (PSL) durante um ato da campanha eleitoral do ano passado do qual participou o então candidato Wilson Witzel (PSC) - hoje governador.
A ação gerou grande polêmica na época: parte do eleitorado considerou que a atitude era um desrespeito à vida de Marielle. A vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, foram executados, e o crime segue sem solução.
Durante a assinatura do livro de posse nesta sexta-feira, Serafini exibiu a placa com o nome de Marielle. Com o microfone em mãos e diante da bancada do PSL, o deputado disse: "Justiça para Marielle".
A maioria dos presentes na Alerj aplaudiu a homenagem de Serafini, mas deputados e assessores do PSL vaiaram a manifestação. Na sequência, quando foi ao microfone, o deputado Filippe Poubel (PSL) bradou "Bolsonaro presidente!", olhando para Serafini. Foi a vez de a bancada do PSL aplaudir.
Última deputada a tomar posse, a petista Zeidan encerrou a cerimônia com um grito de "Lula Livre!". Mais uma vez, aplausos e vaias dividiram o plenário
Deputados presos
Eleitos em outubro para assumir mandatos na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) a partir desta sexta-feira (1º), 64 dos 70 deputados estaduais fluminenses foram empossados em uma cerimônia marcada pela ausência de seis parlamentares que, apesar de diplomados, estão presos.
Caberá à Mesa Diretora da casa, que será eleita neste sábado (2), decidir se os deputados presos poderão ser empossados na cadeia. Caso não sejam empossados em até 60 dias, os deputados perdem o direito à posse e seus suplentes serão convocados.
Cinco dos deputados cumprem prisões preventivas desde novembro, em função da Operação Furna da Onça --que desarticulou um esquema de recebimento de propina e distribuição de cargos em empresas ligadas ao governo do Rio de Janeiro.
São eles: André Corrêa (DEM), Luiz Martins (PDT), Marcos Abrahão (Avante), Marcus Vinícius Neskau (PTB) e Chiquinho da Mangueira (PSC) - este último está em prisão domiciliar por questões médicas.
Todos foram reeleitos para os cargos pouco antes das prisões e denunciados posteriormente pelo Ministério Público Federal sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os citados negam participação no esquema.
Completa a lista de presos o deputado eleito Wanderson Gimenes Alexandre (Solidariedade), suspeito de integrar um esquema de fraudes em licitações no município de Silva Jardim, na região dos lagos, quando era prefeito da cidade. Ele também alegou inocência por meio de sua assessoria de imprensa.
Em janeiro, apesar de presos, os parlamentares foram diplomados por meio de procuração --a diplomação apenas endossa o resultado das urnas. Mas, para tomar posse dos cargos, eles precisavam estar presentes da Assembleia Legislativa nesta sexta-feira.
Antes da cerimônia de posse, deputados de vários partidos defenderam que os suplentes sejam convocados e que os deputados não sejam empossados.
"Não devem tomar posse. O Debate tem que ser mais amplo, mas sou contra. Esta casa não julga, mas precisa responsabilizar as pessoas de alguma forma", disse a deputada Renata Souza (PSOL).
Na mesma linha, o deputado Márcio Pacheco (PSC) defendeu que os deputados não assumam os cargos. "Por mim, assumem os suplentes. Mas essa decisão cabe a Mesa Diretora", afirmou.
Nesta quinta, o TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) negou pedidos das defesas dos deputados Chiquinho da Mangueira (PSC), Luiz Martins (PDT) e Marcos Abrahão (Avante) para que os mesmos tivessem o relaxamento temporário das suas prisões nesta sexta (1º) e comparecessem à cerimônia de posse.
A decisão considerou que se recebessem o benefício, os deputados poderiam ter contato entre si na Alerj, o que poderia prejudicar o processo judicial.
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