"Bolsonaro é refém do discurso de campanha", diz Rodrigo Maia
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou hoje em São Paulo que o presidente Jair Bolsonaro "está refém do discurso de campanha" ao ser questionado sobre a relação do governo com o Poder Legislativo. Em evento promovido pelo BTG Pactual em São Paulo, o parlamentar criticou a articulação do governo com o Congresso ao afirmar que não se pode "menosprezar a política".
"A sociedade pós-eleição gerou muita expectativa de que teríamos um novo país, mas as mudanças não são assim tão rápidas num país democrático", avaliou o democrata.
Para o presidente da Câmara, Bolsonaro precisa responder "se ele vai governar junto com o Parlamento". "O que os partidos querem saber é qual tipo de aliança o governo pretende construir para a votação de projetos difíceis e polêmicos, como a Previdência".
Maia também criticou o discurso que opõe a "nova e a velha política". "Qual é a aliança que ele vai construir? O que é velha e nova política? Tem a polÍtica de hoje. E a política é o Parlamento, o ambiente mais importante do diálogo. E a política precisa entender como o presidente vai se relacionar com o Parlamento. Nós todos fomos eleitos e somos cobrados pelos nossos eleitores", disse.
Previdência
O deputado chegou a dizer que a reforma da Previdência não passaria hoje na Câmara caso já estivesse pronto para votação. "Se fosse votar hoje na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), perderia", afirmou. Ele não quis estimar quantos votos o governo tem para aprovar a medida. "Não tem como saber quantos votos ele tem hoje. Para começar a trabalhar, o presidente precisa da CCJ. É impossível governar sem os partidos", avaliou.
Assim como o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), Maia pediu maior engajamento de Bolsonaro na defesa da reforma previdenciária.
"A base do presidente Bolsonaro é muito do WhatsApp. Essa comunicação para o eleitor dele é decisiva, e está muito atrasada", disse. "Vejo como um erro primário não ter se preparado para essa guerrilha [virtual]", comentou.
Para o deputado, a sociedade precisa se convencer de que a reforma é boa para ela. "O que vai mobilizar a sociedade, e ela os deputados, são as redes. E se o governo não agir rápido, vamos acabar contaminados como aconteceu à reforma do Michel Temer."
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