Moro é "movido a likes", diz presidente do Conselho de Direitos Humanos
O presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos, Leonardo Pinho, criticou a medida adotada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, de tirar a especialista em segurança pública Ilona Szabó do CNPCP (Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária), um dia depois de sua designação para o cargo ter sido oficializada. "Esse episódio mostra que o governo é frágil e que temos um ministro da Justiça movido a likes em redes sociais", disse Pinho.
Ilona Szabó, uma das fundadoras do Instituto Igarapé, com forte atuação em estudos sobre a segurança pública, foi convidada por Moro para compor o conselho. Sua designação para o cargo foi publicada na quarta-feira (27) no DOU (Diário Oficial da União).
Em nota, o MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) pediu desculpas a Ilona e disse que a decisão de tirá-la do conselho se deveu à "repercussão negativa em alguns segmentos".
A ida de Ilona para o conselho, entretanto, causou revolta em grupos conservadores contrários a alguma das posições defendidas pela especialista.
Militantes contrários a sua indicação criaram uma hashtag no Twitter: #ilonanão como forma de protesto.
A especialista, que é colunista do jornal Folha de S. Paulo, defende posições contrárias às adotadas pelo governo. Recentemente, criticou o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) que flexibilizou as regras para a posse de armas, que foi uma das principais bandeiras de campanha.
Na avaliação de Leonardo Pinho, a sinalização que Moro envia com a saída de Ilona do conselho é de fragilidade no governo e de que vozes divergentes não terão espaço na atual gestão. "O sinal que isso envia é que temos um governo incapaz de resistir às pressões das redes sociais e que as vozes diferentes não vão ter muito espaço para diálogo na construção das políticas públicas que são importantes", disse.
Mais reações
O Instituto Sou da Paz chamou de "desrespeito" a atitude de Moro. "Ilona é reconhecidamente uma das profissionais do campo da segurança pública mais empenhadas na construção de um Brasil mais justo e menos violento, além de oferecer experiência e formação acadêmica excepcional que a credenciam a ocupar assento no CNPCP", afirmou a organização em nota pública.
Além disso, criticou a politização da composição de fóruns como este, afirmando que o governo "demonstra duplamente a fragilidade da democracia brasileira", "enfraquece a capacidade de superação da grave situação de segurança pública" e "dá sinais claros da dificuldade tremenda em conviver com a diferença de ideias".
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