Após dizer que filtrará mensagens de filho, Bolsonaro mostra apoio a Carlos

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) usou as suas páginas no Twitter e no Facebook para demonstrar apoio a um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ). Em uma postagem na noite deste domingo (3), o presidente disse, sem citar ninguém de forma específica, que "querem afastá-lo" de seu filho. A postagem ocorre três dias depois de o presidente dizer a um grupo de jornalistas que iria adotar um "filtro" nas declarações de Carlos que possam ter relação com o governo.

A declaração aconteceu em um contexto no qual o presidente dizia que seus filhos não mandavam no governo. A influência do núcleo familiar de Bolsonaro na Presidência foi levantada como fator que teria gerado mal-estar com a ala militar do governo, mas Bolsonaro disse que isso nunca aconteceu. A informação foi confirmada por seus principais ministros.

Na mensagem, publicada inicialmente na página de Jair Bolsonaro no Facebook, Bolsonaro disse que continuará a ouvir as sugestões de Carlos não por se tratar de um de seus filhos, mas por ser alguém que o presidente diz ter aprendido a "admirar".

A mensagem de apoio a Carlos Bolsonaro ocorre duas semanas depois da demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, um dos primeiros aliados do então candidato Jair Bolsonaro. Bebianno se envolveu em uma polêmica com Carlos Bolsonaro pouco antes de sua exoneração.

Em meio ao início da crise causada pelas suspeitas de que o PSL teria financiado candidaturas laranjas, Bebianno disse à imprensa que havia falado com o presidente três vezes enquanto ele se recuperava de uma cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia - em uma suposta tentativa de dar a entender que contava com o apoio do presidente.

Por meio das redes sociais, Carlos Bolsonaro disse que Bebianno havia mentido sobre o episódio. O desentendimento entre Bebianno e Carlos é tido por analistas como um dos fatores determinantes da saída do ex-ministro da equipe do governo. Mas Bolsonaro disse que o motivo foi de foro íntimo. As suspeitas sobre candidaturas laranjas ainda estão em investigação.

Logo após a exoneração de Bebianno, mensagens de voz trocadas entre ele e Jair Bolsonaro comprovaram que os dois haviam, de fato, se comunicado. Em uma entrevista, Bebianno chegou a dizer que Carlos Bolsonaro havia feito "macumba psicológica na cabeça do presidente".

Bolsonaro lamentou a saída de Bebianno do governo e comparou o processo a um divórcio.