Exoneração de Bebianno é publicada no Diário Oficial da União
A edição desta terça-feira, 19, do Diário Oficial da União publica decreto do presidente Jair Bolsonaro (PSL) com a exoneração de Gustavo Bebianno (PSL) do cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência. O afastamento do auxiliar foi confirmada nesta segunda pelo porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, em declaração à imprensa. O mesmo decreto traz a nomeação do general Floriano Peixoto para o cargo.
O afastamento de Bebianno é o resultado da maior crise enfrentada pelo governo menos de dois meses depois da posse. O impasse sobre a possível saída do ministro do governo se arrastou por quase uma semana. O decreto não traz a razão do afastamento. Questionado sobre o motivo da demissão, Rêgo Barros disse que a razão é "de foro íntimo do nosso presidente". Em vídeo divulgado pelo WhatsApp após o anúncio, Bolsonaro agradece ao ex-braço direito e cita questões "mal entendidas".
A decisão de demitir Bebianno foi tomada após reportagens da Folha de S. Paulo indicarem que ele, então presidente do PSL durante a campanha eleitoral, teria autorizado o repasse de verbas do fundo partidário para uma candidata "laranja" em Pernambuco com o suposto apoio de Luciano Bivar, atual presidente da sigla.
Maria de Lourdes Paixão concorreu ao cargo de deputada federal e recebeu R$ 400 mil, sendo a terceira maior beneficiada com verba do partido de Bolsonaro em todo o país, mas obteve só 274 votos.
A prestação de contas dela sustenta que 95% do valor recebido foi gasto para imprimir 9 milhões de santinhos e cerca de 1,7 milhão de adesivos em uma gráfica. No entanto, a reportagem da Folha visitou os endereços indicados por Maria de Lourdes e não encontrou sinais de que ali tenha funcionado o estabelecimento indicado.
Bebianno ainda teria liberado R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, Érika Siqueira Santos. Parte do dinheiro foi repassada a uma gráfica registrada em endereço de fachada.
O agora ex-ministro negou ter responsabilidade sobre os repasses.
Como presidente do PSL e da Comissão Executiva Nacional do partido à época do período das eleições do ano passado, ele era o responsável por autorizar repasses dos fundos eleitoral e partidário a candidatos da sigla.
"As decisões em relação à exoneração e nomeação de ministros são de responsabilidade de nosso presidente. Não me cabe avançar em suposições", disse Rêgo Barros, ao ser questionado se haveria dois pesos e duas medidas quanto ao outro ministro, Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo. Ele também é suspeito de ter dado aval a candidaturas de "laranjas" enquanto à frente do PSL de Minas Gerais durante as eleições de 2018.
Crise teve interferência de filho do presidente
A crise no governo piorou após Bebianno dizer que mantinha contato com o presidente enquanto este estava internado em São Paulo, onde se recuperava de cirurgia.
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