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Não dá para Bolsonaro governar com a cabeça em 64, diz Janaina Paschoal

A deputada estadual Janaina Paschoal e o presidente Jair Bolsonaro - Ricardo Moraes - 22.jul.2018/Reuters
A deputada estadual Janaina Paschoal e o presidente Jair Bolsonaro Imagem: Ricardo Moraes - 22.jul.2018/Reuters

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

27/03/2019 08h42

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) criticou hoje o fato de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) pedir "comemorações devidas" ao golpe de 1964, que resultou na ditadura militar (1964-85), e disse que ele "não consegue sair de 64 e as coisas não caminham bem".

"Não é possível que o Presidente não perceba que não dá para governar com a cabeça em 64!", escreveu a deputada hoje em sua página no Twitter. Janaina é a deputada mais votada da história e foi uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Para ela, Bolsonaro estaria repetindo ações da petista. "Dilma ficou parada em 64 e deu no que deu! Agora, ao que parece, Bolsonaro também não consegue sair de 64 e as coisas não caminham bem. Percebam que eu nem estou entrando no mérito das convicções de cada qual. A meu ver, ambos têm uma visão distorcida, mas isso não importa!", escreveu

O momento, segundo Janaina, seria o de "virar a página". "É preciso dar um passo adiante! Se o governo e seus apoiadores não saírem de 64, não pararem de se pautar pelo que fez, falou e fala o pessoal do PT, o país estará fadado ao fracasso! Todos perderemos!"

Apoiadores de Bolsonaro, acordem! Vocês estão querendo que o Presidente paute suas ações no PT? O PT fez tudo errado, não vamos acertar só invertendo!

Janaina Paschoal, deputada estadual (PSL-SP)

A deputada disse ainda entender que sofrerá críticas por seu posicionamento, mas indica que "só está sendo fiel" ao que falou a Bolsonaro: "Meu compromisso é com o Brasil. Pelo Brasil, eu quero que o presidente seja bem-sucedido. Ele vai precisar mudar a mentalidade".

Para ela, Bolsonaro não precisa abandonar suas convicções. "Estou falando sobre a necessidade de entender que ser presidente é muito diferente de ser um deputado temático, com todo respeito aos parlamentares que se limitam a um único tema". Janaina ainda faz um pedido: "deixem 64 em 64! Temos 2019 e diante para cuidar!".

Ontem, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão disse que a solicitação de Bolsonaro para comemorar o golpe é "revestida de enorme gravidade constitucional". Segundo o órgão, usar a máquina pública para defender e celebrar crimes pode ser caracterizado como ato de improbidade administrativa. O Exército confirmou as comemorações e mencionou que se trata de um "fato histórico".

A parlamentar ainda fez referência à derrota do governo ontem na Câmara. Os deputados federais, em ampla maioria, aprovaram a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que retira do Planalto poder sobre o Orçamento. "A derrota que o Governo teve no Congresso, ontem, é perigosíssima", avalia Janaina.

Bolsonaro determina comemoração do golpe de 1964

Band Notí­cias

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.