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Antigo modelo foi vencido pelas urnas, diz Jucá após reunião com Bolsonaro

Guilherme Mazieiro

DoUOL, em Brasília

04/04/2019 17h38

O presidente do MDB, o ex-senador Romero Jucá, disse que é preciso construir uma "nova modelagem na relação política". A análise foi feita pelo cacique após reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) para discutir a articulação política.

"É preciso construir uma nova modelagem na relação política. A antiga modelagem foi vencida pelas urnas", disse o presidente do MDB após o encontro.

Segundo Jucá, o pensamento ter participação nas discussões sobre temas relevantes, não necessariamente aprovar os projetos enviados pelo Executivo.

Jucá foi o sexto líder partidário ouvido por Bolsonaro nesta quinta-feira. Desde que voltou da viagem a Israel, o presidente Bolsonaro, recebeu lideranças para debater apoio em torno da reforma da Previdência.

Jucá é um dos principais líderes do partido, que desde a redemocratização, teve intensa participação em todos os governos.

Desde o início do mandato, Bolsonaro enfrenta atritos com parlamentares pela dificuldade de estabelecer diálogo com partidos tradicionais, os quais ele classifica pejorativamente como "velha política".

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Romero Jucá (MDB-RR) dá entrevista após encontro com Bolsonaro
Imagem: FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Jucá negou que o partido queira participação dentro do governo Bolsonaro, apesar de o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), ser do MDB.

Sem o tradicional bigode que o acompanhou ao longo da carreira política, Jucá não se reelegeu e deixou o Parlamento após três mandatos consecutivos como senador (24 anos).

Além do visual, o discurso político também foi repaginado.

"O MDB está disposto a conversar de qualquer forma. Em conselho, em mesa redonda, numa relação no sofá do presidente. Nós queremos avançar com a política no Brasil. O presidente entende que agora o que tem agora é a 'boa política'", disse.

O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) propôs aos líderes partidários criar um conselho político para debater os temas mais relevantes do Executivo. Entre outros partidos, o MDB foi convidado por Bolsonaro.

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Bolsonaro recebeu Romero Jucá, Baleia Rossi e Eduardo Braga, todos do MDB
Imagem: Marcos Corrêa/PR

Desde o início do mandato, Bolsonaro enfrenta atritos com parlamentares pela dificuldade de estabelecer diálogo com partidos tradicionais, os quais ele classifica pejorativamente como "velha política".

"O governo não pode ser condenado por cometer equívocos. Mas tem que ter humildade e rapidez para corrigir os equívocos", afirmou.

Jucá foi ministro de Michel Temer (MDB) por poucos dias. Ele foi desligado do cargo após ser pego em um grampo feito em que o emedebista dizia que era preciso "estancar a sangria" e fazer um pacto para deter a Lava Jato "com o Supremo [Tribunal Federal], com tudo".

Jucá, assim como Temer é um dos alvos da operação.

Maratona de líderes no Planalto

Os dirigentes dos seis partidos que foram ouvidos hoje por Bolsonaro representam um contingente de 196 votos na Câmara - onde tramita a PEC da Previdência, atualmente. O PSL, partido do presidente, é o único que fechou questão pela aprovação do texto. São necessários 308 votos para aprovar a mudança na Constituição. Caso as siglas fechassem questão pela Previdência, cada uma traria a seguinte quantidade de votos:

  • PP - 38
  • PSD - 36
  • MDB - 34
  • PRB - 31
  • PSDB - 30
  • DEM - 27
Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado na reportagem, Romero Jucá foi gravado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. O texto foi corrigido.