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Em evento com plateia simpatizante, Bolsonaro ignora reforma da Previdência

02.mai.2019 - O Presidente Jair Bolsonaro participa da abertura do 37º Congresso Internacional de Missões dos Gideões Missionários da Última Hora - Eduardo Valente/Estadão Conteúdo
02.mai.2019 - O Presidente Jair Bolsonaro participa da abertura do 37º Congresso Internacional de Missões dos Gideões Missionários da Última Hora Imagem: Eduardo Valente/Estadão Conteúdo

Vinicius Konchinski

Colaboração para o UOL, em Camboriú (SC)

02/05/2019 21h53

Apesar de contar com uma plateia claramente favorável a seu governo, Jair Bolsonaro (PSL) evitou temas políticos no discurso durante o 37º Congresso Internacional de Missões dos Gideões Missionários da Última Hora, em Camboriú (SC). O presidente nem sequer mencionou a proposta da reforma da Previdência, que tramita com dificuldade no Congresso.

O evento foi promovido pela Assembleia de Deus e teve uma plateia formada por 5.000 pessoas, em sua maioria evangélicas, base de apoio ao presidente.

Quando o assunto foi economia, Bolsonaro preferiu homenagear o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, a citar propostas. Segundo ele, Hang é um empresário que acredita no Brasil e no livre mercado.

Disse que "o que falta ao país é fé", em rápido discurso realizado num ginásio lotado de fiéis. "Quero pedir que continuem orando. Não percamos a fé."

A abertura do Congresso dos Gideões foi marcada por orações e tom militar. Crianças cantaram o Hino Nacional em formação e batendo continência. Bailarinas também dançaram com a bandeira de Israel, país cuja terra é santa, segundo disse o presidente Bolsonaro.

Bolsonaro, aliás, disse que uma viagem que fez a Israel com seus filhos foi a maior experiência de sua vida. Disse que o país é um exemplo para o Brasil. "Lá, não tem nada de recursos naturais, biodiversidade, áreas agricultáveis. É um grande deserto, mas a gente olha o que eles não têm e enxerga o que tem", afirmou o presidente.

Bolsonaro havia citado Israel em discurso feito na abertura do mesmo congresso, no ano passado, quando era deputado federal e pré-candidato a Presidência. Ele discursou por dez minutos no mesmo ginásio em que falou nesta noite. "Ano passado, ainda era um pré-candidato. Crescemos porque tínhamos o povo do nosso lado e a bandeira da verdade", lembrou o presidente.

Na ocasião, acompanhado pela mulher, Michelle, Bolsonaro falou sobre identidade de gênero e a importante da família. Encerrou sua fala com o slogan usado na campanha: "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos". Foi aplaudido de pé e chamado de "mito" pelo público.

Após o discurso em 2018, Bolsonaro acompanhou a pregação do pastor Adão Santos. Ele propôs uma oração a pessoas com problemas no estômago. Bolsonaro identificou-se dizendo que tinha um problema. Recebeu uma bênção no abdômen.

Em setembro, durante a campanha para presidente, Bolsonaro foi atacado e recebeu uma facada na barriga. Após o ataque, a oração por pastores foi lembrada como "uma providência divina".

Hoje, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), reiterou que Bolsonaro estar vivo após ataque é "milagre".

Retorno a Santa Catarina

A presença do presidente no evento promovido pela Assembleia de Deus marcou sua primeira viagem a Santa Catarina desde que tomou posse. No estado, Bolsonaro recebeu mais de 75% dos votos válidos no segundo turno das eleições presidenciais do ano passado --atrás apenas do Acre.

Marcou também a segunda presença consecutiva na cerimônia de abertura do congresso, que sempre acontece em Camboriú. O evento visa a promover ações missionárias da igreja.

Foi acompanhado de uma comitiva composta pelos deputados Silas Câmara (PRB-AM), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado federal Marco Feliciano (Pode-SP) e o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno. Bolsonaro afirmou que foi eleito porque tinha "o povo ao lado e muita fé em Deus nosso Senhor".