O fato grave é a invasão criminosa dos celulares dos procuradores, diz Moro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, negou ter dado orientação a procuradores da operação Lava Jato e disse que o fato grave é a invasão criminosa dos celulares dos procuradores
A declaração foi dada hoje (10) em Manaus no dia seguinte à publicação de uma série de reportagens veiculadas pelo portal "The Intercept" que mostram a suposta troca de mensagens entre Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol, da Força Tarefa da Operação Lava Jato.
Ali, basta ler o que se tem lá [para ver que não há orientação]... o fato grave é a invasão criminosa dos celulares dos procuradores. E está havendo muito sensacionalismo em torno dessas supostas mensagens
Sergio Moro, ministro da Justiça
"Não tem nenhuma orientação naquelas mensagens. Eu nem posso dizer que são autênticas. São coisas que aconteceram anos atrás. Não tenho mais essas mensagens. Não tenho registro disso. Mas ali não tem orientação nenhuma."
Questionado sobre o motivo das conversas mantidas entre ele e Deltan, Moro disse não ver problemas nisso. "Veja, juiz conversa com procuradores. Juiz conversa com advogados. Juízes conversam com policiais. Isso é normal", afirmou.
Ao longo da entrevista com jornalistas, Moro oscilou entre desqualificar a origem das conversas e se reportar a elas como fidedignas.
No início, ele colocou em dúvida a veracidade dos diálogos divulgados pelo "The Intercept". No final, contudo, ele disse que bastava analisar o conteúdo das mensagens para chegar à conclusão de que ele não havia orientado a operação Lava Jato.
Indagado sobre se ele teria sugerido a troca de ordem de operações a serem deflagradas pela força-tarefa, Moro tentou minimizar o assunto e disse que o diálogo teve caráter meramente "logístico".
"Olha, se houve alguma coisa nesse sentido, são operações que já haviam sido autorizadas e, às vezes, se discute isso por questão de logística. Isso é absolutamente normal", afirmou.
Segundo o portal, as mensagens teriam sido enviadas por um hacker que conseguiu acesso ao conteúdo de conversas trocadas pelo aplicativo Telegram.
Nas mensagens publicadas, há indícios de que Moro orientou investigações da Lava Jato. Ele deu dicas sobre recursos que a Força Tarefa deveria impetrar, faz sugestões sobre o andamento da operação e propõe até a troca da ordem de fases da Lava Jato.
As mensagens mostram também que Moro e Deltan Dallagnol discutiram o vazamento do áudio com conversas entre a então presidente da República Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2016.
Na época, Dilma enfrentava o processo de impeachment deflagrado pelo então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ).
Procurada, a Força Tarefa da Lava Jato divulgou uma nota na qual criticou o vazamento das conversas e negou qualquer irregularidade no conteúdo dos diálogos.
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