Lava Jato confirma vazamento e diz que mensagens não revelam ilegalidade
A Força-Tarefa da Lava Jato em Curitiba confirmou hoje ter sido alvo de um ataque hacker que resultou no vazamento de mensagens trocadas entre seus membros. Segundo o Ministério Público Federal do Paraná, o conteúdo das conversas não revela nenhuma ilegalidade.
De acordo com nota divulgada pelo órgão, celulares e aplicativos foram invadidos e cópias de mensagens e arquivos trocados entre os procuradores vazaram.
O MPF-PR se manifestou sobre o ataque após o site "The Intercept Brasil" publicar uma série de reportagens expondo conversas entre os membros da força-tarefa e entre o procurador Delton Dallagnon e o então juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro.
Nas conversas, ao longo de dois anos, Moro sugeriu que o procurador trocasse a ordem de fases da Lava Jato, para não ficar "muito tempo sem operação", deu conselhos e pistas informais de investigação e antecipou uma decisão que ele ainda não havia tornado pública.
As mensagens também mostram que o então juiz criticou e sugeriu recursos ao Ministério Público.
As conversas colocam em dúvida a imparcialidade de Moro no processo. No sistema judiciário brasileiro, cabe ao Ministério Público reunir provas que incriminem o réu e apresentá-las ao juiz. O juiz deve atuar julgar de forma independente, sem atuar como parte de acusação nem de defesa.
Em nota, Moro negou que tenha orientado Dallagnol e afirmou que as conversas não revelam "nenhuma anormalidade".
Procuradores temiam eleição de Haddad
Nas reportagens, são mostradas ainda mensagens em que procuradores demonstram preocupação com a possibilidade de o ex-presidente Lula, já preso, conceder uma entrevista à Folha de S.Paulo.
Na ocasião, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), havia autorizado a entrevista. As mensagens revelam que os procuradores estariam preocupados com o efeito que a entrevista poderia ter nas eleições presidenciais, beneficiando o candidato do PT (Partido dos Trabalhadores), Fernando Haddad.
O MPF-PR afirmou, em nota, que não houve ilegalidade nas ações da força-tarefa. "Há a tranquilidade de que os dados eventualmente obtidos refletem uma atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma técnica e imparcial, em mais de cinco anos de operação", disse.
O órgão também afirmou que as mensagens foram retiradas de contexto, o que daria margem para interpretações erradas.
"Os procuradores da Lava Jato em Curitiba mantiveram, ao longo dos últimos cinco anos, discussões em grupos de mensagens, sobre diversos temas, alguns complexos, em paralelo a reuniões pessoais que lhes dão contexto. Vários dos integrantes da força-tarefa de procuradores são amigos próximos e, nesse ambiente, são comuns desabafos e brincadeiras. Muitas conversas, sem o devido contexto, podem dar margem para interpretações equivocadas", afirmou a nota.
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