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Evento com Bolsonaro tem gravata rosa, Surfistinha, queijo e Maia ausente

Antonio Temóteo e Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

18/07/2019 20h59Atualizada em 19/07/2019 08h44

No evento em que celebrou os 200 dias de sua gestão, Jair Bolsonaro (PSL) deixou para o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), elencar as ações do governo no primeiro semestre do ano. Coube ao presidente falar de outros diversos temas, que foram do filme Bruna Surfistinha a uma piada de gênero com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), passando ainda pela criação de um selo para produtos artesanais e críticas a um vestibular para transexuais.

Antes de discursar, Bolsonaro ainda assinou vários decretos, entre eles um que revoga outros 324 e extingue 538 leis e decretos-leis considerados sem aplicação prática. Sempre destacando para a plateia a caneta esferográfica azul que usava para deixar sua assinatura.

Os 200 dias de governo completam-se amanhã (19). No evento de hoje, duas ausências se destacaram: a do ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), que pediu licença para viajar com a família, e a do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que foi convidado, mas não compareceu.

Veja abaixo alguns dos temas do evento de hoje.

Bruna Surfistinha em discussão sobre verba para o cinema

Durante seu discurso, Bolsonaro afirmou que tem tratado com o ministro Osmar Terra (Cidadania), entre outros assuntos, sobre verba para o cinema nacional.

O presidente assinou um decreto que transfere o Conselho Superior de Cinema do Ministério da Cidadania (onde ficam as atribuições da Cultura) para o da Casa Civil.

Eu não posso admitir que com o dinheiro público se façam filmes como o da Bruna Surfistinha. Não dá
Presidente Jair Bolsonaro (PSL)

"Não somos contra essa ou aquela opção. Mas o ativismo, não podemos permitir em respeito às famílias. É uma coisa que mudou com a chegada do governo", disse.

"Não vou falar o que é não binário porque respeito vocês"

Ao longo do discurso em que exaltou sua campanha desde 2015 até a Presidência, Bolsonaro disse que vai cumprir o que prometeu e ressaltou o respeito às famílias. Aproveitou para citar a intervenção do Ministério da Educação para barrar um vestibular direcionado a transexuais, travestis, intersexuais e pessoas não binárias.

"No dia de ontem anunciamos um fim de um concurso da Unilab (Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira) e outra do Ceará. Onde o concurso, acreditem, era reservado para transexuais, exclusivamente, e não binários", disse em referência ao edital suspenso pelo governo.

Eu fui estudar, eu não sabia o que era não binário. Eu não vou falar aqui porque eu respeito vocês
Presidente Jair Bolsonaro (PSL)

Não binária é uma pessoa que não se identifica exclusivamente com nenhum gênero.

Em seguida, questionou se para ser matemático no futuro o candidato deveria ser transexual. "Não tem espaço para quem for hetero, ou não interessa o que ele seja, prezado Hélio Negão. Não interessa nem a cor da pele", citando o deputado que é negro e o acompanha frequentemente em agendas oficiais.

"É esse trabalho que a gente faz buscando corrigir as coisas, dar um norte. Quem veio trabalhar comigo sabia da minha posição", disse.

Apesar da gravata cor de rosa, é meu amigo, diz Bolsonaro sobre Alcolumbre

UOL Notícias

Piada com gravata rosa de Alcolumbre

Durante a apresentação, o presidente cortejou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Caberá à Casa aprovar ou não a indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o cargo de embaixador dos EUA, como pretende Bolsonaro.

"Apesar da gravata cor de rosa é meu amigo", disse Bolsonaro.

Alcolumbre teve destaque durante o evento e foi um dos poucos a discursarem. Além dele e de Bolsonaro, subiram ao púlpito os ministros Onyx Lorenzoni e Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento). A ministra, aliás, agradeceu a "homenagem" do colega de partido na escolha da cor da gravata.

Sobre Eduardo Bolsonaro, o presidente voltou a dizer que confia na capacidade do filho para assumir a embaixada, relembrou que o deputado já morou nos Estados Unidos - onde fritou hambúrguer e entregou pizza - e disse que Eduardo tem amizade com a família do presidente norte-americano, Donald Trump.

"O queijinho brasileiro ficou chique", diz ministra da Agricultura

UOL Notícias

Destaque para Tereza Cristina e o queijo mineiro

David Alcolumbre não foi o único a receber afagos durante o evento. Tereza Cristina foi abraçada por Bolsonaro e citada por ele e por Onyx. O destaque à ministra se deveu ao fato de que o principal anúncio do evento foi a criação de um selo para produtos artesanais.

A produção e o reconhecimento interestadual e internacional do queijo mineiro foi exaltada por Onyx e Tereza no anúncio sobre o novo selo.

A verdade é que nos campeonatos internacionais estamos ganhando dos europeus, pasmem. O queijinho mineiro ficou chique. Quem diria, uai
Ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento)

"O produtor não vai mais ficar confinado a sua cidade, a sua comunidade. Acabou a clandestinidade. Ele vai poder andar pelo Brasil de cabeça erguida e ser conhecido por todos os brasileiros", discursou a ministra.

Ausência de Maia

Enquanto Alcolumbre e Tereza Cristina tiveram destaque, uma ausência foi notada: a do deputado federal Rodrigo Maia. A assessoria de imprensa do presidente da Câmara informou que ele foi convidado, mas estava no Rio de Janeiro. Não havia nenhum compromisso na agenda oficial de Maia.

Bolsonaro e o deputado acumularam atritos ao longo do primeiro semestre, especialmente na condução do projeto da reforma da Previdência.

Bolsonaro sinaliza reeleição e fala em entregar o Brasil em "2023 ou 2027"

UOL Notícias
Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado no primeiro parágrafo da matéria, o senador Davi Alcolumbre é representante do Amapá, e não do Pará, como informado anteriormente. A informação foi corrigida.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.