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'Não é mudar dados', diz Pontes sobre nova política de divulgação do Inpe

6.ago.2019 - Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações - Cleia Viana/Câmara dos Deputados
6.ago.2019 - Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

07/08/2019 00h05

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, afirmou ontem à noite que os dados colhidos sobre desmatamento não serão alterados antes de serem divulgados, com a nova política de publicação dos números pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Uma crise se instaurou no órgão devido a críticas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a números de desmatamento na Amazônia divulgados pelo instituto. O físico Ricardo Galvão, então diretor do Inpe, foi exonerado e substituído de forma interina por um militar especialista na área.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, chegou a defender que "se fossem dados corretos, era preocupante, seria conveniente que nós não alardeássemos isso".

Ontem à noite, Pontes defendeu que os números "vão continuar a surgir e vão ser fidedignos, mas vão sair no formato que seja melhor para o Ibama".

"Note bem que não é mudar os dados. Isso não. (...) Agora a gente faz junto com o Ibama de forma que o fornecedor fornece os dados segundo o que o cliente precisa", afirmou.

As mudanças no formato da divulgação dos dados ainda não estão definidas.

General Heleno defende 'não alardear' desmatamento

UOL Notícias

Contemporizando críticas de Bolsonaro

Pressionado pela comunidade científica e pelo governo, Pontes tentou explicar a reação do presidente da República frente aos dados de desmatamento:

"Ele [Bolsonaro] olhou, estranhou. Talvez estivesse irritado com alguma coisa. Ele falou de uma forma que não seria talvez a mais normal de ele falar. A partir daí, resolva-se. A gente olha os dados etc. Não tem que afetar o instituto, nada disso".

As críticas de Bolsonaro se referem a dados extraídos do sistema do Inpe batizado de Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real).

A ferramenta apontou aumento de 88% do desmatamento na Amazônia em junho em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já em julho o aumento foi de 278% se comparado com o mesmo mês do ano passado.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, defendeu na semana passada que há duas levas de dados divulgados: a de áreas desmatadas, no geral, incluindo trechos com autorização legal para a derrubada de mata; e as áreas derrubadas ilegalmente. O governo pretende divulgar apenas essas últimas.

Embora tenha confirmado o crescimento no desmatamento, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a falar que os números divulgados recentemente pelo Inpe estavam errados. O valor considerado correto pelo governo, porém, não foi informado.