'Não é mudar dados', diz Pontes sobre nova política de divulgação do Inpe
O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, afirmou ontem à noite que os dados colhidos sobre desmatamento não serão alterados antes de serem divulgados, com a nova política de publicação dos números pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Uma crise se instaurou no órgão devido a críticas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a números de desmatamento na Amazônia divulgados pelo instituto. O físico Ricardo Galvão, então diretor do Inpe, foi exonerado e substituído de forma interina por um militar especialista na área.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, chegou a defender que "se fossem dados corretos, era preocupante, seria conveniente que nós não alardeássemos isso".
Ontem à noite, Pontes defendeu que os números "vão continuar a surgir e vão ser fidedignos, mas vão sair no formato que seja melhor para o Ibama".
"Note bem que não é mudar os dados. Isso não. (...) Agora a gente faz junto com o Ibama de forma que o fornecedor fornece os dados segundo o que o cliente precisa", afirmou.
As mudanças no formato da divulgação dos dados ainda não estão definidas.
Contemporizando críticas de Bolsonaro
Pressionado pela comunidade científica e pelo governo, Pontes tentou explicar a reação do presidente da República frente aos dados de desmatamento:
"Ele [Bolsonaro] olhou, estranhou. Talvez estivesse irritado com alguma coisa. Ele falou de uma forma que não seria talvez a mais normal de ele falar. A partir daí, resolva-se. A gente olha os dados etc. Não tem que afetar o instituto, nada disso".
As críticas de Bolsonaro se referem a dados extraídos do sistema do Inpe batizado de Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real).
A ferramenta apontou aumento de 88% do desmatamento na Amazônia em junho em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já em julho o aumento foi de 278% se comparado com o mesmo mês do ano passado.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, defendeu na semana passada que há duas levas de dados divulgados: a de áreas desmatadas, no geral, incluindo trechos com autorização legal para a derrubada de mata; e as áreas derrubadas ilegalmente. O governo pretende divulgar apenas essas últimas.
Embora tenha confirmado o crescimento no desmatamento, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a falar que os números divulgados recentemente pelo Inpe estavam errados. O valor considerado correto pelo governo, porém, não foi informado.
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