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Dodge prorroga por mais um ano Força-Tarefa da Lava Jato no Paraná

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, participa do lançamento da Campanha da Fraternidade  - Marcelo Camargo/Agência Brasil
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, participa do lançamento da Campanha da Fraternidade Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

12/08/2019 19h47

Em meio a críticas e questionamentos sobre a atuação de procuradores, a representante máxima do Ministério Público Federal, Raquel Dodge, anunciou hoje a prorrogação por mais um ano da Força-Tarefa da Lava Jato no Paraná.

A medida será oficializada amanhã, quando uma portaria será publicada e, posteriormente, submetida ao Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF). Será a quinta prorrogação consecutiva da equipe do MPF em Curitiba, que atua desde 2014.

De acordo com o MPF, somente em 2019 foram empenhados R$ 808 mil com diárias e passagens referentes à equipe da Força-Tarefa. Em cinco anos, os procuradores de Curitiba gastaram mais de R$ 5 milhões com essas despesas.

Hoje, a equipe conta com 69 integrantes entre procuradores, servidores, contratados e estagiários.

Dodge x Lava Jato

Desde que o site The Intercept passou a publicar diálogos trocados entre os procuradores da Lava Jato, além de mensagens do ex-juiz Sergio Moro, houve desgaste na relação entre Força-Tarefa com a PGR -- já estremecida por fatos anteriores à divulgação das reportagens.

A rusga, entretanto, teve outros contornos no fim da última semana. Diálogos publicados na sexta-feira (9) mostraram que procuradores do MPF trataram Dodge como entrave à operação e planejaram minar sua imagem por meio de vazamentos de informação na imprensa.

As mensagens foram divulgadas pelo site do jornal El País, em conjunto com o The Intercept Brasil.

Os diálogos mostram que o tom dos procuradores subiu quando Dodge pediu a anulação do acordo firmado entre a Força-Tarefa e o departamento de Justiça dos Estados Unidos para criar uma fundação para gerir R$ 2,5 bilhões devolvidos aos cofres públicos após a investigação de escândalos de corrupção.

Desde que o acordo veio à tona, Dodge se posicionou de forma contrária, argumentando violação à Constituição.

Ela chegou a entrar com uma ADPF (Ação por Descumprimento de Preceitos Fundamentais) no Supremo Tribunal Federal para suspender a decisão que respaldou o fundo, mas foi antecipada pelo próprio MPF no Paraná, que requisitou à juíza Gabriela Hardt a suspensão do acordo. Hardt atendeu e sustou a criação da fundação.

"O barraco tem nome e sobrenome. Raquel Dodge. O Oswaldo instaurou pgea para pedir informações sobre o acordo", disse o procurador Januário Paludo, em 11 de março de 2019, no grupo Filhos do Januário 4.

Paludo se referia ao Procedimento de Gestão Administrativa (PGEA), uma medida administrativa utilizada pelo corregedor-geral do MPF, Oswaldo Barbosa, para ter acesso aos documentos sobre o acordo.

O argumento de Dodge ao pedir a anulação do acordo foi que caberia à União, e não aos investigadores da Lava Jato, decidir como o dinheiro seria gerido.