Eduardo Bolsonaro caça 3 de 4 votos em aberto para ter maioria em sabatina
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que deve ser indicado ao cargo de embaixador do Brasil em Washington, precisa conquistar dois parlamentares indecisos e inverter ao menos um voto para demonstrar força na sabatina à qual deverá ser submetido da CRE (Comissão de Relações Exteriores) do Senado.
O escrutínio é a primeira etapa do processo de análise do nome de Eduardo, assim que sua indicação for formalizada pelo pai, o presidente Jair Bolsonaro. O resultado ainda terá que ser submetido ao plenário, onde o líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), articula para fazer valer a maioria na Casa.
Os aliados de Eduardo Bolsonaro calculam que, dos 19 componentes da comissão, 7 votos são garantidos e dois, "possíveis". Os indecisos são os veteranos Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Esperidião Amin (PP-SC). Ainda que ambos sejam convencidos, faltaria um voto para chegar a dez e formar maioria na CRE. A votação é secreta, em local reservado e com urna digital.
Os interlocutores de Eduardo têm buscado uma aproximação com Fernando Collor (Pros-AL), conforme mostrou o blogueiro do UOL Tales Faria na semana passada. Em tese, o parlamentar não é simpático ao pleito do pesselista. Ele é benquisto no meio diplomático e, ao ficar a favor do filho de Bolsonaro, poderia se desgastar com membros do Itamaraty.
Por outro lado, o grupo pró-Eduardo entende que é mais fácil conversar com Collor do que tentar persuadir quadros como a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), que foi candidata a vice de Ciro Gomes (PDT) —um dos oponentes de Bolsonaro na eleição presidencial do ano passado. Kátia também se declara indecisa, mas a expectativa é que vote contra o deputado.
São contrários ao nome de Eduardo para a embaixada: Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), Mara Gabrilli (PSDB-SP), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Jaques Wagner (PT-BA), Humberto Costa (PT-PE), Angelo Coronel (PSD-BA) e Marcos do Val (Podemos-ES).
- Indecisos: Anastasia e Amin
- Não declaram, mas devem votar contra: Collor e Kátia
- Dos 4 votos possíveis, 3 estão na mira de Eduardo para obter maioria
Constrangimento
Como o risco de derrota ainda precisa ser minimizado, o presidente aguarda a conclusão da costura no Congresso para oficializar a candidatura de Eduardo, 35, o mais novo entre os três filhos de Bolsonaro que seguiram carreira na política.
Embora o resultado na comissão não seja definitivo, os aliados entendem que vencer já na primeira etapa seria fundamental para garantir uma situação confortável no plenário.
A indicação de Eduardo, vista como um ato de nepotismo por muitos no Congresso, provoca constrangimento até para parlamentares simpáticos ao governo. Por esse motivo, o desempenho na CRE pode antecipar a repercussão e aliviar a inquietação no plenário, segundo a avaliação de apoiadores do deputado.
Por outro lado, um derrota pode aumentar o constrangimento e mudar a intenção de voto de senadores que hoje apoiam Eduardo.
Revés
Nas últimas semanas, uma troca na comissão acabou tirando um voto que era tido como certo pelo grupo pró-Eduardo. Romário (Podemos-RJ), que é favorável ao candidato a embaixador, passou à suplência da CRE para dar lugar a Marcos do Val (Podemos-ES).
Val já fazia parte da comissão, mas trocou de partido nas últimas semanas. Ao deixar o Cidadania e ir para o Podemos, ele empurrou Romário para a suplência e abriu uma vaga na composição do seu antigo bloco. Esta foi preenchida por Eliziane Gama, que se opõe à indicação de Eduardo.
Ou seja, no saldo da dança das cadeiras, Eduardo perdeu um voto favorável (Romário) e passou a ter mais um contrário (Eliziane).
Recado de Collor
Na reunião de ontem (29) da CRE, Collor sinalizou insatisfação com a atitude do governo brasileiro em relação aos atritos com a França decorrentes das queimadas na região amazônica. Em dado momento, o parlamentar afirmou que a diplomacia brasileira tem uma "tradição muito longa" e um "legado", devendo agir "sempre com muito cuidado, buscando o consenso, a aproximação entre as partes, o equilíbrio e a paz mundial".
"Acredito que nós devemos sempre [agir] com muita moderação, como deve ser a arma da nossa diplomacia", disse.
No decorrer da crise com a França, Eduardo chamou o presidente Emmanuel Macron de "moleque" e disse que o G-7, grupo que reúne as sete maiores economias do mundo, deu um "tapa na cara" do líder europeu sobre as críticas que ele havia feito em relação aos incêndios na Amazônia.
Collor não mencionou a família Bolsonaro, mas disse que o Brasil deve deixar a condução da crise "a cargo do nosso corpo diplomático, extremamente experimentado e capacitado".
"Mais do que preservar essa política externa, nós temos que perseverar nas grandes linhas mestras que conduzem a diplomacia brasileira ao ponto hoje de ser uma das respeitadas no mundo e ponto de referência para os grandes debates que são travados nas Nações Unidas", afirmou
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