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Em Brasília, Bolsonaro se reúne com ministros após derrota no Congresso

Jair Bolsonaro discursou ontem na abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York - Carlo Allegri/Reuters
Jair Bolsonaro discursou ontem na abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York Imagem: Carlo Allegri/Reuters

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

25/09/2019 09h13

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) chegou hoje de manhã a Brasília após abrir os debates gerais na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York. Ele pousou na Base Aérea da capital por volta das 8h30 e seguiu direto ao Palácio da Alvorada, residência oficial em Brasília onde mora.

O retorno acontece menos de 24 horas após uma derrota do Planalto no Congresso Nacional com a derrubada de 18 vetos presidenciais a dispositivos do projeto de lei do abuso de autoridade. Uma das prioridades de Bolsonaro agora deve ser cuidar da articulação política do governo junto aos parlamentares.

Ao longo desta quarta (25), a agenda de Bolsonaro prevê reuniões com ministros de pastas no Planalto. Além de tratar de matérias de interesse do governo no Congresso, ele deve dar andamento a procedimentos burocráticos internos.

Pela manhã, Bolsonaro recebeu o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, e o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, além do líder do governo na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo (PSL-GO). À tarde, a previsão é que Bolsonaro siga para o Planalto, onde se encontrará novamente com Onyx, além de servidores da Casa Civil.

A derrubada de vetos do projeto de abuso de autoridade é vista como resposta dos senadores à operação da Polícia Federal na semana passada que investiga o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e seu filho, o deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE).

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tomou as dores de Bezerra Coelho e antecipou a votação da matéria. Ele também adiou a votação da reforma da Previdência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa para a semana que vem, antes prevista para ontem.

Um dos principais articuladores do Planalto com os congressistas, o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, não estava em Brasília enquanto essas ações se desenrolaram. Ele integrou a comitiva de Bolsonaro a Nova York e voltou hoje com o presidente.

Na semana passada, Bolsonaro se recusou a comentar a situação de Bezerra Coelho e disse que estava focado na ONU. Em entrevista ao jornal Correio Braziliense em Nova York divulgada hoje, Bolsonaro sinalizou que deve mantê-lo na função.

"Eu não tirei o Fernando Bezerra de lá. Quero algo mais concreto. Não posso, com uma busca e apreensão, um processo antigo, e nós sabíamos que tinha esse processo, tirá-lo de lá. Ele tem todo o direito de se defender e tem feito, até o presente momento, um brilhante trabalho para nós, dentro do Senado. É uma função ingrata, difícil, dá trabalho conversar com parlamentares dos mais diferentes matizes", disse o presidente.

Augusto Aras, indicado por Bolsonaro ao comando da PGR (Procuradoria-Geral da República), é sabatinado hoje por senadores na CCJ. Ele precisa ser aprovado na comissão e em plenário para suceder a Raquel Dodge no cargo, cujo mandato terminou em 17 de setembro. A expectativa é que ambas as votações aconteçam ainda hoje.

Bolsonaro passará por novos exames médicos

Seguindo recomendação médica, Bolsonaro deve permanecer em Brasília pelos próximos dias para se recuperar de cirurgia de correção de hérnia realizada em 8 de setembro. O problema é decorrente de intervenções derivadas de facada sofrida durante a campanha eleitoral no ano passado.

Ele deve seguir uma dieta leve, composta por saladas e purê, por exemplo. Uma consulta para novos exames médicos está prevista para amanhã.