Amazônia não será parque ecológico para o mundo, diz Jair Bolsonaro
Resumo da notícia
- Em entrevista à TV Aparecida, Bolsonaro afirmou que região amazônica não será parque ecológico para o mundo
- Presidente disse ainda que há "alvoroço" desncessário em relação às queimadas na Amazônia
- Bolsonaro esteve em Aparecida (SP) para participar da missa em homenagem à Nossa Senhora
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou hoje que a Amazônia não se transformará em um "parque ecológico para o mundo" e criticou os "países de primeiro mundo" que, segundo ele, "estão de olho no índio, na floresta e nas riquezas mineiras da região".
"Alguns querem que nós demarquemos a Amazônia toda como um grande parque ecológico para o mundo. Isso não vai ser feito do que depender do meu governo. É buscar maneiras, como estamos fazendo, de desenvolver a região respeitando o meio ambiente", afirmou Bolsonaro, em entrevista veiculada pela TV Aparecida.
Durante a tarde, Bolsonaro foi vaiado e aplaudido por três vezes durante as celebrações pelo dia de Nossa Senhora Aparecida, no Santuário Nacional dedicado à santa, na cidade paulista de Aparecida.
Queimadas da Amazônia
A respeito das queimadas na região amazônica, Bolsonaro afirmou que "nós temos numa das médias menores dos últimos 15 anos. Não tem porque de todo esse alvoroço."
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que o desmatamento na Amazônia cresceu 96% em setembro de 2019 na comparação com o mesmo mês de 2018. Foram destruídos 1.447 km² de floresta.
"Aquela região, desde há muito, tem problemas com queimadas. Só pelo seu tamanho é impossível tomar conta de tudo aquilo, mas fazemos nossa parte", disse Bolsonaro.
"Quando nós dermos o título de propriedade para muita gente que não tem naquela região, ao identificarmos qualquer anormalidade saber quem é o responsável. Alguns países do mundo têm aquilo como área sua. E qualquer problema que tenha em especial no meu governo, que não é de esquerda que era tão elogiada por eles, nos atacam."
Sínodo da Amazônia
Uma tema mencionado de forma recorrente nas falas dos padres que conduziram celebrações hoje em Aparecida foi o Sínodo da Amazônia, que acontece ao longo deste mês no Vaticano.
O sínodo --um encontro em que o papa consulta outros religiosos-- foi convocado há dois anos pelo papa Francisco para o debate sobre a presença da Igreja Católica junto às populações amazônicas, principalmente as indígenas.
Ao mesmo tempo, o documento que orienta as discussões tem um tom bastante crítico à devastação do meio ambiente e ao impacto da exploração insustentável da floresta, afetando as populações locais.
O governo Bolsonaro não vê a reunião com bons olhos, e vê no encontro mais um momento em que poderá receber pressão externa. Bolsonaro é defensor da exploração comercial de terras indígenas e enfrentou sua maior crise de imagem no exterior durante o avanço das queimadas na Amazônia, em agosto.
No começo do ano, o próprio governo admitiu, por meio do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que monitorava as reuniões preparatórias para o sínodo com a participação de padres brasileiros.
Na basílica de Aparecida, no entanto, a visão sobre o sínodo parece estar mais aliada à do papa Francisco.
"Uma salva de palmas ao Sínodo, uma salva de palmas ao papa e uma salva de palmas à Igreja da Amazônia", pediu o irmão Carlos Cunha pouco antes do início da missa com a presença de Bolsonaro.
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