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Araújo teme "forças obscuras" e Foro de São Paulo em protestos no Equador

O Ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
O Ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/10/2019 16h44

O ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, afirmou estar preocupado com a onda de protestos que têm acontecido no Equador desde a semana passada. O líder do Itamaraty diz ver com atenção um possível fortalecimento do Foro de São Paulo no país.

"Estamos tentando entender melhor quais são essas forças que estão se levantando contra eles [governo equatoriano]. Temos a preocupação de que há força obscuras atuando, que já tentaram submergir toda região no caos, no totalitarismo", declarou o ministro na CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora), que reúne líderes ultraconservadores de todo o mundo.

O país sul-americano vem enfrentando protestos políticos desde o início de outubro, quando o governo cortou os subsídios aos combustíveis. No dia 3, manifestações nas principais cidades levaram a quase 600 prisões e desencadearam ainda mais protestos.

Araújo não chegou a citar o nome da Venezuela ou de Nicolas Maduro, mas afirmou que quer que o Equador "continue na senda democrática" e que estas manifestações podem afetar a região como um todo, pois esta pode ser uma tentativa de "reerguer a cabeça do Foro de São Paulo", em referência a uma aliança de partidos de esquerda na América Latina.

"A gente está querendo entender melhor se existe uma rede de partidos totalitários da região atuando no Equador contra o presidente Lenín Moreno e manipulando algumas reivindicações populares equatorianas para tentar reinstalar um regime ligado ao Foro de São Paulo no Equador", declarou o chanceler.

Apoio dos EUA ao ingresso na OCDE continua, diz chanceler

Araújo também colocou panos quentes na possível retirada de apoio dos Estados Unidos para o ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Nesta semana, uma carta do secretário Mike Pompeo revelou que o governo norte-americano priorizou a entrada da Argentina e da Romênia na organização. O documento vai contra as expectativas do governo Jair Bolsonaro (PSL), que divulgou a parceria como um dos principais trunfos da sua política externa.

Para Araújo, a carta e o apoio referendado pelo Twitter são "coisas diferentes". "A carta é sobre o sequenciamento do começo do processo de adesão dos países que já têm apoio americano. Argentina já tem há muito tempo. Nós sempre soubemos. Esperávamos, inclusive", declarou o ministro. "Foi muito confundido. Tudo mantém igual. É um apoio muito firme."

Quando confrontado se os Estados Unidos não mantiveram o bloqueio ao Brasil com a decisão de manter apenas Argentina e Romênia como novos integrantes, Araújo repetiu que esta é uma "interpretação é equivocada".

"Vocês têm que entender como funciona, [mas] não vou ter tempo de explicar aqui", afirmou aos jornalistas. "Apoio é uma coisa, o início do processo de adesão é outra." Ele garantiu que o apoio está formalizado e os países vão conversar "em breve".

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.