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Diante de Bolsonaro, arcebispo suaviza fala sobre direita em Aparecida (SP)

12.out.2019 -- Fiéis lotam Santuário de Nossa Senhora de Aparecida - Bernardo Barbosa/UOL
12.out.2019 -- Fiéis lotam Santuário de Nossa Senhora de Aparecida Imagem: Bernardo Barbosa/UOL

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Aparecida (SP)

12/10/2019 17h06

Resumo da notícia

  • Depois de criticar "direita violenta", arcebispo Orlando Brandes suaviza fala diante do presidente da República
  • Bolsonaro esteve em Aparecida (SP) onde acompanhou a missa em homenagem à Nossa Senhora
  • Arcebispo afirmou ao presidente: "somos todos irmãos"

Diante do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Santuário de Nossa Senhora de Aparecida (SP), o arcebispo Orlando Brandes suavizou na tarde de hoje sua crítica feita durante a missa matutina, quando falou em "dragão do tradicionalismo" e disse que a direita é "violenta" e "injusta".

Segundo o arcebispo, os "dragões" são as ideologias, que representariam interesses pessoais tanto na direita, quanto na esquerda.

"Isso não faz bem. O que faz bem é procurar a verdade. A verdade é que liberta, a verdade é que nos dá paz", disse. "A verdade de Jesus Cristo." O presidente aplaudiu a fala do sacerdote.

Brandes também comentou o trecho do livro de Ester lido por Bolsonaro, em que ela pede ao rei Assuero por sua vida e a de seu povo.

"Queremos pedir a vida do nosso povo. Que não falte emprego, não falte pão, não falte dignidade, não falte paz", disse o arcebispo.

Brandes também fez um apelo ao fim do racismo ao lembrar que a imagem de Nossa Senhora Aparecida é de uma santa negra.

O arcebispo terminou seu sermão em tom contemporizador com Bolsonaro, citando novamente a presença do presidente na basílica e dizendo que "na carta a Timóteo, Deus manda rezarmos pelas autoridades."

"Senhor presidente, sinta-se abraçado pela santa querida", disse. "Somos todos irmãos."

Bolsonaro foi vaiado e aplaudido

O presidente foi vaiado e aplaudido por três vezes durante as celebrações pelo dia de Nossa Senhora Aparecida, hoje, no Santuário Nacional dedicado à santa, na cidade paulista de Aparecida.

As vaias e aplausos ocorreram simultaneamente em dois momentos: quando Bolsonaro entrou na basílica e quando seu nome foi anunciado pelo irmão Carlos Cunha, que conduzia a missa.

Bolsonaro foi aplaudido novamente quando participou diretamente da missa, lendo um trecho do livro bíblico de Ester. Foi vaiado e aplaudido uma terceira vez quando foi anunciado pelo arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes.

Esta é a primeira visita de um presidente ao santuário no dia 12 de outubro, e a segunda de um mandatário no cargo. A outra foi de Fernando Henrique Cardoso, em maio de 1998, na inauguração do Centro de Apoio ao Romeiro. A basílica passou a receber atividades religiosas em definitivo em 1982.

Bolsonaro já havia visitado a basílica em novembro do ano passado, como presidente eleito. O Santuário Nacional de Aparecida espera a visita de 171 mil pessoas ao longo do sábado.

O presidente compareceu ao santuário com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira; o deputado federal Hélio Bolsonaro (PSL-RJ); e o deputado estadual paulista Gil Diniz (PSL).

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.