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Bolsonaro diz que possível grampo de áudios sobre PSL é "desonestidade"

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

17/10/2019 08h49Atualizada em 17/10/2019 13h49

Resumo da notícia

  • Em áudio, presidente indica querer substituir o líder do PSL na Câmara
  • Ele classificou a gravação como um ato de "desonestidade"
  • Bolsonaro está em atrito com o presidente do partido, Luciano Bivar

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou hoje de manhã que não trata sobre a crise que assola o PSL em público e chamou a gravação de áudios atribuídos a ele divulgados ontem à noite de "desonestidade".

"Eu falei com alguns parlamentares. Me gravaram? Deram uma de jornalista? Eu converso com deputados. Eu não trato publicamente desse assunto. Converso individualmente. Se alguém grampeou o telefone, primeiro, é uma desonestidade", declarou, ao sair do Palácio da Alvorada por volta das 8h30.

Nas conversas, o presidente articula a derrubada do líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), da função para substitui-lo pelo filho e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A ala pró-Bolsonaro no partido alega que o atual presidente nacional da sigla, deputado federal Luciano Bivar (PE), não está cumprindo com a transparência devida nas contas partidárias.

Questionado se vai pedir uma investigação sobre a gravação de fala atribuída a ele, Bolsonaro não respondeu e entrou no carro.

Publicamente, antes dos áudios, quando indagado sobre a crise no PSL, Bolsonaro dizia não interferir em assuntos partidários.

A relação de Bolsonaro com Bivar desmoronou em 8 de outubro quando, sem saber que estava sendo transmitido ao vivo, Bolsonaro disse para um apoiador "esquecer o PSL" e afirmou que o pernambucano está "queimado pra caramba".

Desde então, o PSL se vê em crise com alfinetadas de parte a parte e barracos nas redes sociais. Como pano de fundo, ambições políticas, disputa pelo controle do dinheiro do fundo partidário e a influência dos filhos do presidente.

Ontem à noite, a ala pró-Bolsonaro apresentou lista com 27 nomes do PSL apoiando Eduardo como novo líder em tentativa de destituir Waldir. A documentação foi entregue pelo líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO).

No entanto, minutos depois, a ala pró-Waldir e, consequentemente, Bivar, apresentou outra lista com 32 nomes do partido apoiando a permanência dele na liderança.

Considerando-se as duas relações e os 53 deputados na bancada, há um excesso de seis parlamentares e duas conclusões possíveis: havia gente "jogando nos dois times" e apoiando Eduardo e Waldir ao mesmo tempo; ou havia assinatura falsificada.

Mais tarde, o grupo a favor da família Bolsonaro encaminhou uma terceira lista da noite com 27 nomes pró-Eduardo novamente à Secretaria-Geral da Câmara.

Segundo a Secretaria-Geral, das 27 assinaturas da primeira lista, 26 conferiram. Na lista dos apoiadores de Waldir, dos 31 nomes, 29 foram confirmados. E da terceira, dos 27 nomes, 24 conferiram -a assinatura é comparada com o cartão de assinatura do deputado.

Pelas regras, a última lista apresentada valeria. Mas, como não alcançou um nome a mais da metade dos parlamentares do partido, foi desconsiderada. Ficou valendo, então, a protocolada pelos apoiadores do Delegado Waldir, a única também com apoio de mais da metade dos deputados peselistas.

A Secretaria-Geral identificou ainda nomes iguais nas listas de bolsonaristas e bivaristas, mas não disse quais eram.

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Band Notí­cias

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.