"Não me surpreendo", diz deputada interrompida pelo Itamaraty na ONU
Resumo da notícia
- Diplomatas brasileiros cortaram fala de Fernanda Melchionna (PSOL) em Genebra
- Congressista criticava o presidente Jair Bolsonaro quando foi interrompida
- Deputada diz que delegação fez 'escarcéu' em evento da ONU
- Para ela, ministro Ernesto Araújo promove cruzada ideológica
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) afirmou que "não se surpreende" com a postura de diplomatas brasileiros que, batendo sobre a mesa, interromperam o discurso dela em uma reunião da ONU (Organização das Nações Unidas), ontem (17), em Genebra, como foi revelado pelo blogueiro do UOL Jamil Chade.
De acordo com o relato do jornalista, que acompanhou o evento, a delegação do Itamaraty usou uma placa que marca o assento do país na sala da ONU para martelar sobre a bancada destinada aos países participantes e, dessa forma, chamar atenção da presidência dos trabalhos e pedir que a deputada fosse interrompida.
A tática deu certo. A reunião era dedicada ao papel do setor privado e de empresas na defesa de direitos humanos.
Fernanda chamou de "escarcéu" a atitude dos diplomatas e disse que isso não lhe causou espanto porque, na visão dela, o Itamaraty sob gestão do chanceler Ernesto Araújo promove uma "cruzada ideológica".
"Infelizmente, não posso dizer que eu estou surpresa. Pela forma como [ex-deputado do PSOL] Jean Wyllys foi tratado [em Portugal, quando foi hostilizado por brasileiros durante palestra acadêmica], pela forma como o Ernesto Araújo vem fazendo uma cruzada ideológica, principalmente contra questões de gênero", afirmou.
Te digo que eu não me surpreendo. Mais pelo Ernesto Araújo do que pela diplomacia brasileira
Fernanda Melchionna, deputada federal (PSOL-RS)
A congressista disse que, no momento em que foi interrompida, ainda tinha mais dois parágrafos de discurso. Ela acabou não concluindo a leitura. O gesto da delegação do Itamaraty ocorreu quando ela criticou diretamente o presidente Jair Bolsonaro (PSL) por ele elogiar a tortura e defender ditadores.
Os diplomatas reclamaram que o ambiente não era apropriado para a fala de Fernanda porque a reunião tratava do papel das empresas nos direitos humanos. Por esse motivo, estava "fora de contexto".
"Esse é um processo intergovernamental e precisamos seguir", disse o representante do governo.
Fernanda afirmou ainda que, durante a participação na ONU, pessoas de diferentes nacionalidades a procuraram para perguntar sobre a situação do Brasil.
"Há bastante gente interessada em conhecer os impactos desse governo, em especial na vida das populações mais afetadas. Me perguntavam: 'O que está acontecendo no Brasil?'. Obviamente, me perguntavam muito sobre Marielle, mas também sobre Amazônia e índios."
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