Governo Bolsonaro rebate "comemoração" de diretor da Globo após reportagem
O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) emitiu comunicado lamentando a "comemoração" do diretor-geral de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel.
Segundo o jornal "Folha de S. Paulo", Kamel parabenizou profissionais do Rio de Janeiro que fizeram a matéria sobre a citação de Jair Bolsonaro na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco. Ele também deu detalhes de cada passo da investigação jornalística, e revelou que, em meio à apuração, que se desenrolava no Rio, "uma fonte absolutamente próxima da família do presidente Jair Bolsonaro" procurou a emissora em Brasília para dizer que "ia estourar uma grande bomba, pois a investigação do caso Marielle esbarrara num personagem com foro privilegiado".
Nas mensagens, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) repudiou aquilo que define como "perseguição da TV Globo ao presidente Jair Bolsonaro, na tentativa de envolvê-lo no caso Marielle".
"É lamentável que a TV Globo considere motivo de comemoração a veiculação de matéria que, sob o verniz de jornalismo imparcial, somente leva desinformação aos brasileiros. Caso a emissora tivesse realmente pautado seu trabalho pela imparcialidade, rigor na apuração e profundidade de investigação, não teria levado ao ar matéria tão frágil do ponto de vista jornalístico", diz trecho do comunicado. (Leia o comunicado, na íntegra, abaixo)
No comunicado, o governo Bolsonaro relembra supostos pagamentos de propina para a compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo.
"E se a TV Globo fizesse bom jornalismo, como defende, investigaria e publicaria, por exemplo, sua própria participação em supostos pagamentos de propina a dirigentes da Fifa para compra de direitos de transmissão da Copa do Mundo".
Na terça-feira (29), o "Jornal Nacional" exibiu uma reportagem sobre as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), ocorrido em março de 2018. Segundo o JN, o porteiro do condomínio onde morava Bolsonaro à época disse em depoimento que alguém com a voz "do seu Jair" autorizou a entrada de um dos suspeitos da morte da vereadora no dia do crime.
O presidente reagiu com palavras pesadas para se referir à reportagem ("patifaria", "canalha", "porra", "imprensa porca", "jornalismo podre", "nojenta" e "imoral"). Sobre a renovação da concessão da Globo, que ocorrerá em 2022, Bolsonaro disse que "tem que estar enxuto, tem que estar legal. Não vai ter jeitinho pra vocês, nem pra ninguém".
Comunicado do governo Bolsonaro
A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) repudia a perseguição da TV Globo ao presidente Jair Bolsonaro, na tentativa de envolvê-lo no caso Marielle.
É lamentável que a TV Globo considere motivo de comemoração a veiculação de matéria que, sob o verniz de jornalismo imparcial, somente leva desinformação aos brasileiros.
Caso a emissora tivesse realmente pautado seu trabalho pela imparcialidade, rigor na apuração e profundidade de investigação, não teria levado ao ar matéria tão frágil do ponto de vista jornalístico.
A reportagem seguiu adiante mesmo sabendo que o depoimento que relacionava o presidente da República não passou de fraude e se apresenta como outro crime que merece apuração. Jornalismo não pode ser feito com suposições.
É evidente o foco da emissora em promover discórdias e enfraquecer o governo, enquanto outros fatos notórios positivos do país são silenciados, pois não interessam aos cofres da empresa.
Se a TV Globo fizesse bom jornalismo, como defende, investigaria e publicaria, por exemplo, sua própria participação em supostos pagamentos de propina a dirigentes da Fifa para compra de direitos de transmissão da Copa do Mundo.
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