Deputado do PSL rasga placa de genocídio negro na Câmara: "Desnecessária"
O deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) se manifestou hoje na Câmara dos Deputados ao rasgar uma placa afixada no túnel localizado entre o Anexo II e o Plenário da Câmara dos Deputados contra o genocídio da população negra. A imagem que estampava o objeto continha a imagem de um homem negro algemado e deitado no chão e um policial com a arma saindo fumaça, como se tivesse acabado de disparar.
Entre 2017 e 2018, negros foram mais de 75% das vítimas de letalidade policial, segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança 2019.
Em ofício enviado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o deputado pediu a retirada da peça e a classificou como "desnecessária e inoportuna manifestação de desonra e generalização de ilegalidade na atuação dos policiais". Tadeu é coronel da Polícia Militar.
"Conforme se verifica do conteúdo da imagem, há a absurda atribuição da responsabilidade pelo genocídio da população negra aos policiais militares, prestando-se, assim, verdadeiro desserviço junto à população que trafega pelas dependências da Câmara, retratando negativamente o salutar papel dos policiais militares para a manutenção da ordem pública no nosso país".
"Os policiais militares, que todos os dias colocam suas vidas e de suas famílias em risco para garantir o bem-estar dos nossos cidadãos, devem ser reconhecidos, privilegiados e valorizados, não podendo esta Casa compactuar com essa desnecessária e inoportuna manifestação de desonra e generalização de ilegalidade na atuação dos policiais", alega.
Após a atitude do Coronel Tadeu, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) afirmou que entrará no conselho de ética contra o deputado do PSL. Outros deputados da oposição acionaram a Polícia Legislativa e vão relatar o caso ao Presidente da Câmara Rodrigo Maia.
"Sem dúvida, é democrático quebrar a placa"
Em entrevista ao UOL, o deputado Coronel Tadeu assumiu a responsabilidade de ter quebrado a placa e diz tê-la considerado um atentado aos policiais.
"Eu quebrei, sim. É uma placa absolutamente contra os policiais. É um atentado contra os policiais que protegem a sociedade. Não estamos aqui para proteger brancos, amarelos ou negros. São todos. Não fazemos distinção, não fazemos racismo", argumentou.
O Coronel diz ainda que a atitude partiu da esquerda, que tem como intuito "satanizar a vida do policial no Brasil", o que ele considera inadmissível.
"Eu considero democrático [quebrar a placa], sem dúvida nenhuma. Não podemos aceitar um atentado daquele contra a democracia. Aquilo é um racismo, não o que eu fiz. Que eles a coloquem outra no lugar com números sobre negros mortos no país. Sou favorável a causa, mas querer induzir que a polícia é a responsável pela mortalidade das pessoas negras, eu não vou admitir", concluiu.
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