Adversários de Gleisi para comandar PT pedem "democratização radical"
Resumo da notícia
- Candidatos pedem criação de comitê para gestão das contas do PT
- Maior conexão com a militância também é uma das pautas apresentadas
- Atual presidente, deputada Gleisi Hoffmann deve conquistar novo mandato
Rejeitada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a autocrítica do partido é defendida pelos três adversários da deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) na disputa pela presidência da sigla, que ocorre neste fim de semana. Apoiada por Lula, Gleisi, que busca a reeleição, é a virtual vencedora do pleito interno para um mandato de quatro anos.
Em entrevistas ao UOL, os oponentes da deputada na disputa elogiam sua gestão, mas pedem mudanças no partido, chegando a falar em "democratização radical" do partido.
Eles citam pontos que vão de uma aproximação maior com a militância a uma mudança na gestão das finanças do partido, este um dos pontos que levou o PT ao centro de esquemas de corrupção no país.
Até o momento, estão na disputa com Gleisi seus colegas de Câmara Federal Margarida Salomão (MG) e Paulo Teixeira (SP), além de Valter Pomar, ex-secretário-executivo do Foro de São Paulo.
Outros nomes podem ser lançados durante o Congresso, que começou ontem e se encerra amanhã, com a proclamação do resultado no final do dia.
A escolha de quem comandará o PT será feita por 800 delegados, eleitos em setembro deste ano. A chapa de Gleisi foi a que obteve a maioria dos delegados: 409, já sinalizando sua provável sequência no cargo.
Sem debate
Os três adversários de Gleisi deram a entender que suas candidaturas são mais propositivas e têm o objetivo de gerar discussão sobre alguns temas no partido. Eles já sinalizavam que a chance de vitória é pequena.
"Sempre que você entra em uma eleição, de qualquer tipo, você tem propostas, que é vencer aquele programa. Então, estou levando para dentro do PT um programa", comentou Teixeira.
Margarida sinaliza que "a eleição dos delegados já de alguma forma desenha qual será a direção do PT". "Então a oportunidade que nós teríamos para expressar as nossas teses e as nossas divergências com a maioria seria exatamente a apresentação dessa candidatura."
Os candidatos, porém, não tiveram oportunidade de exercer a autocrítica antes do início do Congresso. Havia a expectativa de que ao menos cinco debates fossem realizados nos últimos meses, o que não aconteceu.
O mais perto que eles estiveram de uma discussão sobre o partido foi 9 de novembro, quando um debate com todos os candidatos seria realizado em Natal. Mas a soltura de Lula um dia antes mudou os planos. Na ocasião, um ato em São Bernardo do Campo (SP) reuniu a militância para ouvir Lula após sua libertação.
"Essa dificuldade de debate decorre de que uma das candidatas é presidente do partido e ela está sendo o tempo todo convocada para agendas que se sobrepõem", diz Margarida.
Discutir as finanças do PT
Em comum, os três candidatos têm propostas sobre as finanças do partido. Margarida e Teixeira propõem a criação de um grupo para a gestão das contas do partido, sob responsabilidade da Secretaria Nacional de Finanças e Planejamento, cargo ocupado hoje pelo deputado estadual Emidio de Souza (PT-SP).
O partido tem um histórico recente de esquemas de corrupção envolvendo tesoureiros seus, como João Vaccari Neto e Delúbio Soares, que já foram condenados pela Justiça. Os candidatos rejeitam desconfiar de problemas nas contas do partido.
O objetivo deles é ter um "comitê financeiro preventivo", como cita Teixeira. "Nós achamos que tem que ter uma transparência na gestão financeira do PT e mecanismos de integridade, mecanismos de controle."
Margarida, ao defender uma "gestão colegiada", diz que sua chapa não acredita que as finanças do partido devem ficar "na mão de apenas uma tendência [do partido]", pontuando que isso levaria, além de mais transparência ao partido, "qualidade da tomada de decisão".
"Não estou reivindicando essa abertura das finanças internas por razões de qualquer tipo de desconfiança com relação a nossos companheiros [Vaccari e Soares]", comenta a parlamentar.
"O que acho é que, como em qualquer organização, se você tem uma coletivização na gestão das finanças, evidentemente você está praticando uma coletivização do poder, e isso está dentro desse nosso pleito de radicalizar a democracia no partido."
Já Pomar é a favor de que o partido crie mecanismos para se sustentar e abrir mão do fundo partidário. "Por que, com meu imposto, tenho que financiar o PSL? Por que alguém do PSL tem que, com seu imposto, financiar o PT?", pontua. "Não deve ser o Estado que financia a atividade de um partido político."
Eleições 2020
Os três adversários de Gleisi também são favoráveis a alianças mais amplas com partidos de esquerda para as eleições municipais de 2020 com o objetivo de enfrentar aliados do governo de Jair Bolsonaro.
"Nós precisamos impor uma derrota à direita", avalia Pomar. Mas também veem que os petistas têm o papel de liderar a esquerda.
"O PT, por ser o maior partido de esquerda, tem uma responsabilidade na construção dessa frente. Quem é maior tem uma responsabilidade maior também", diz Margarida.
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