Moro diz que presidente da OAB age como "militante político-partidário"
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou hoje, em rede social, que não receberá o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, enquanto este mantiver "postura de militante político-partidário."
A fala foi em resposta a uma declaração de Santa Cruz, nesta manhã, afirmando que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) têm "desvio de caráter".
"Tenho grande respeito pela OAB, por sua história, e pela advocacia. Reclama o Presidente da OAB que não é recebido no MJSP [Ministério da Justiça e Segurança Pública]. Terei prazer em recebê-lo tão logo abandone a postura de militante político-partidário e as ofensas ao PR [presidente da República] e a seus eleitores", escreveu o ministro e ex-juiz em sua conta no Twitter.
A discussão é mais um capítulo da rusga de Santa Cruz com o governo Bolsonaro. Em julho, o presidente atacou Santa Cruz afirmando que poderia "contar a verdade" sobre como seu pai, Fernando Santa Cruz, desapareceu durante a Ditadura Militar. "Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade", afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro também alegou que o pai de Santa Cruz foi supostamente assassinado por integrantes da Ação Popular (AP) — grupo de esquerda que atuava contra o regime militar.
" (...) O pai dele, bastante jovem ainda, veio para o Rio de Janeiro. (...) O pessoal da AP no Rio de Janeiro ficou, primeiro, estupefato: 'como é que pode esse cara vir do Recife se encontrar conosco aqui?' O contato não seria com ele, seria com a cúpula da Ação Popular de Recife. E eles resolveram sumir com o pai do Santa Cruz.", disse o presidente, sem apresentar provas.
A fala de Bolsonaro rendeu uma interpelação no Supremo Tribunal Federal (STF), apresentada por Santa Cruz a fim de que o presidente prestasse esclarecimentos sobre a declaração a respeito de seu pai. O presidente da OAB alegou que Bolsonaro poderia ter praticado crimes de calúnia contra a memória de seu pai e injúria. A petição foi arquivada pelo ministro Luís Roberto Barroso no final de agosto.
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