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Bruno Covas diz se sentir desconfortável por estar em um partido com Aécio

29.11.2019 - Bruno Covas em coletiva de imprensa  - João Alvarez/Fotoarena/Folhapress
29.11.2019 - Bruno Covas em coletiva de imprensa Imagem: João Alvarez/Fotoarena/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

19/12/2019 11h02

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, recebeu alta ontem do Hospital Sírio Libanês, onde faz o tratamento contra um câncer, e deu uma entrevista ao jornal "Valor Econômico". Ele falou sobre os atritos dentro do partido e os planos para a reeleição. Questionado sobre o PSDB, Covas disse estar desconfortável por fazer parte de um partido que tem Aécio Neves.

Covas se prepara para concorrer à reeleição em 2020 e disse estar em tempo para trocar de partido. "Estou muito desconfortável de fazer parte de um partido que tem Aécio como quadro", disse. "Mas ainda está em tempo de o PSDB expulsá-lo". Porém, o prefeito diz que ainda não pensou para qual partido migraria, e nem chegou a ser procurado por algum. "Não há nenhuma conversa".

Ele comentou o que lhe causa desconforto com relação a Aécio Neves: "Acusação até eu tenho, tenho um monte de processo do período que estou aqui como prefeito. Mas é muito difícil de explicar o motivo de um cara desses Aécio estar no PSDB. [O partido] comete o mesmo erro que apontamos no PT. Não expulsa quem foi condenado pela Justiça".

O prefeito também falou sobre a confiança que tem de que sua reeleição pode dar "musculatura" a Doria dentro do partido. "O resultado da eleição para prefeito de São Paulo não muda muito o resultado para presidente. O que muda é o ganho político, a musculatura que ganha dentro do partido. Quando Kassab foi reeleito, Serra ganhou mais músculo, mas não ganhou a eleição presidencial de 2010. Do ponto de vista eleitoral, essa relação nunca acontece. Mas no mundo político tem reflexo na importância partidária e na musculatura que os atores envolvidos na candidatura vitoriosa ganham".

Questionado se Joice Hasselmann poderá ser sua vice nas eleições, o prefeito evitou apontar nomes. "Não está definido nem se o PSL é o partido do presidente ou não, quem é o líder do PSL na Câmara, quem vai continuar à frente do PSL. E neste momento, não há nenhuma escolha entre A, B ou C, de quem vai ser o vice do PSDB. Como também não há nenhum veto a nenhum nome".

Bruno Covas também comentou sobre o governo de Jair Bolsonaro, mas se esquivou de fazer uma avaliação. "A democracia e as instituições são muito maiores do que a pessoa A ou B. Não se vê nenhum tipo de mobilização para derrotar as instituições. Isso é muito hollywodiano. Não vejo nenhum tipo de risco à democracia mesmo quando um ou outro integrante ligado ao governo defende a ditadura, o AI-5. O que aliás não é nada que me espanta. Bolsonaro, quando deputado federal, defendia a ditadura e é natural que no governo dele tenha gente que pense como ele. Está sendo coerente com o que sempre falou. O povo elegeu esse discurso. Paciência. Não votei nele, mas tenho que respeitar a decisão popular".