Policial preso em ação contra milícia é ligado a acusado de matar Marielle
Entre os 33 presos na manhã de hoje por suspeita de envolvimento com a principal milícia que atua nas comunidades de Rio das Pedras e da Muzema, na zona oeste do Rio de Janeiro, está o chefe de investigação da delegacia da Barra da Tijuca, Jorge Luiz Camilo Alves.
De acordo com a promotora Simone Sibilio, chefe do Gaecc (Grupo de Atuação Especializado no Combate à Corrupção) do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), chama atenção o fato de o policial ter contato frequente com Ronnie Lessa, acusado de assassinar de Marielle Franco, e ser justamente o responsável por coordenar as investigações sobre a criminalidade na região em que o grupo paramilitar atuava.
"Em 12 de março do ano passado, foram apreendidos diversos celulares com o Ronnie Lessa durante a operação que prendeu o assassino da Marielle. Os diálogos encontrados em um dos celulares indicam a proximidade entre os dois."
Embora os registros não mostrem um elo direto com o Caso Marielle, fica claro que todos os denunciados se falavam, que Lessa tinha trânsito com um chefe de investigação de delegacia, segundo explicou a promotora.
Na denúncia, o MP-RJ reforça que houve uma "intensa sequência de diálogos" entre Ronnie e Jorge Camillo. A data das conversas e seu conteúdo não foram informados pela Promotoria.
"Ronnie Lessa, em vários trechos dos diálogos, se refere a ele como o 'Amigo da 16', numa referência à delegacia onde o mesmo está lotado", diz o MP-RJ.
Sibilio citou outro ponto da denúncia que pode indicar o grau de participação do policial com atividades criminosas praticadas na região.
"Um telefonema anônimo feito ao Disque de Denúncia, no ano passado, dizia que uma das pessoas presas na operação que deteve responsáveis pela queda de dois prédios na Muzema estava sendo punida por engano, enquanto o verdadeiro responsável por aquelas mortes estava fiscalizando tudo", afirmou.
Delegada pode ser afastada
Embora não seja citada nos diálogos obtidos pelo MP-RJ, a delegada responsável pela delegacia da Barra da Tijuca, Adriana Belém, pode ser afastada do cargo, já que Jorge Luiz Alves exercia um cargo de confiança dela.
De acordo com o corregedor da Polícia Civil, Gladston Lessa, a decisão caberá ao secretário de Polícia Civil, Marcos Vinicius Braga. "Se houver indício de que a titular da delegacia sabia deste envolvimento, ela será afastada. A decisão caberá ao secretário."
De acordo com Gladston, os dois policiais ativos presos responderão a processo administrativo disciplinar, com possibilidade de serem excluídos dos quadros da polícia.
A reportagem procura a defesa de Jorge Luiz Camilo Alves sobre a acusação do MP-RJ.
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