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PT deve pedir impeachment contra Bolsonaro, diz líder no Senado

O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE) - Waldemir Barreto/Agência Senado
O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE) Imagem: Waldemir Barreto/Agência Senado

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

26/02/2020 12h58Atualizada em 26/02/2020 20h58

O PT deve entrar com pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na volta do carnaval, afirmou hoje o líder do partido no Senado Federal, senador Rogério Carvalho (SE), ao UOL.

Bolsonaro tem distribuído nos bastidores mensagens de apoio às manifestações marcadas para 15 de março. Bolsonaristas marcaram o evento a partir de uma convocação do general Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), para protestar contra o Congresso Nacional.

Na semana passada, o ministro disse que o Legislativo estava chantageando o Executivo por causa de divergências em relação à distribuição do orçamento.

Há postagens nas redes sociais pedindo até mesmo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), o que contraria a Constituição Federal.

Por conta disso, a iniciativa de Bolsonaro gerou repúdio entre políticos e ministros do STF.

Segundo Carvalho, a atitude do presidente é "um ato muito ofensivo à democracia e precisa de uma resposta à altura".

Na avaliação de parlamentares de oposição e de centro, Bolsonaro pode ter cometido crime de responsabilidade ao apoiar os protestos convocados por bolsonaristas e ativistas conservadores.

A pena para o crime pode ser de perda do mandato. Ou seja, um impeachment.

A decisão deve ser tomada até o início da semana que vem, quando o PT terá se reunido com mais partidos de oposição para definir quais medidas adotarão no retorno ao Congresso Nacional depois do feriado.

"A situação é muito grave. O que o presidente está fazendo é uma ameaça real à democracia, às instituições, e, se não tiver reação à altura, ele está testando os limites e vai adiante", disse Carvalho.

A intenção do líder do PT no Senado é reunir não apenas lideranças partidárias de esquerda, mas também de centro, com o objetivo de formar um grupo forte mais amplo, suprapartidário.

Bolsonaro afirmou hoje, pelas redes sociais, que o WhatsApp é utilizado por ele para fins pessoais e "qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República".

Senadores repudiam ato de Bolsonaro

O presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), afirmou que o Congresso é um dos pilares da democracia e "não podemos nos calar e aceitar que, a qualquer crise entre os poderes, se envolva o nosso Exército, que sempre esteve a postos para manter a ordem e a nossa soberania".

Líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou ser preciso "impedir a escalada golpista" e cobrou um posicionamento dos presidentes da Câmara, do Senado e do STF, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Dias Toffoli, respectivamente.

Outros senadores que já se posicionamento contra Bolsonaro são Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Humberto Costa (PT-PE) e Otto Alencar (PSD-BA).

Os senadores líderes do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), ainda não se manifestaram em público.

Nos bastidores, eles tentam minimizar possíveis efeitos do ato de Bolsonaro e afirmam mirar o "terreno do bom senso", pois "quanto menos tumulto, melhor".