Na contramão de Bolsonaro, Senado faz manifesto pelo isolamento social
Na contramão de declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o Senado elaborou um manifesto a favor do isolamento social como medida para evitar a propagação do coronavírus.
O documento foi proposto pelo próprio líder do governo no Senado, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e recebeu a aprovação de todos os demais líderes em reunião hoje, afirmou o vice-presidente da Casa, senador Antonio Anastasia (PSD-MG). Ele comanda o Senado enquanto o presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), se recupera da infecção pelo coronavírus.
"Houve aquiescência de todos. O manifesto é a favor do isolamento", disse Anastasia.
A declaração dos senadores busca ressaltar a importância de, quem puder, não sair de casa a fim de não transmitir o coronavírus. Mesmo assintomáticos podem espalhar o vírus. O isolamento social é recomendado pelo Ministério da Saúde e pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O ato marca um posicionamento formal do Senado contra atitudes de Bolsonaro, como ignorar o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), e fazer um tour por Brasília ontem. O presidente da República tem atacado o isolamento social e defendido a retomada das atividades comerciais no país sob a justificativa de que a reclusão pode levar a demissões em massa.
Mais cedo, Bolsonaro disse que, em sua opinião, o isolamento social e o fechamento do comércio podem levar a casos de suicídio, depressão e mortes por "questões psiquiátricas", sem apresentar dados científicos.
O documento foi apresentado após recolhimento das assinaturas digitais em seu apoio e lido na sessão de votação remota de hoje à tarde. A maioria dos senadores tem trabalhado dos respectivos estados para evitar aglomerações em Brasília.
Na semana passada, Alcolumbre foi elogiado por colegas ao dizer que o país precisa de uma liderança "séria", entre outras críticas a Bolsonaro, em nota. A ação foi tomada logo após pronunciamento em que Bolsonaro defendeu a "volta à normalidade", atacou mídia e governadores, e minimizou a covid-19.
Hoje o Senado vota projeto que permite a transferência da merenda escolar a pais ou responsáveis por alunos de escolas públicas com aulas suspensas e projeto de lei que estabelece o auxílio de R$ 600 a trabalhadores sem carteira assinada desde que cumpram determinados pré-requisitos.
Leia abaixo o manifesto completo:
Pelo isolamento social
A pandemia do coronavírus impõe a todos os povos e nações um profundo desafio no seu enfrentamento.
A experiência dos países que estão em estágios mais avançados de disseminação da doença deixa claro que, diante da inexistência de vacina ou de tratamento médico plenamente comprovado, a medida mais eficaz de minimização dos efeitos da pandemia é o isolamento social.
Somente o isolamento social, mantidas as atividades essenciais, poderá promover o "achatamento da curva" de contágio, possibilitando que a estrutura de saúde possa atender ao maior número possível de enfermos, salvando assim milhões de vida, conforme apontam os estudos sobre o tema.
Ao Estado cabe apoiar as pessoas vulneráveis, os empreendedores e segmentos sociais que serão atingidos economicamente pelos efeitos do isolamento. Diante do exposto, o Senado Federal se manifesta de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde e apoia o isolamento social no Brasil, ao mesmo tempo em que pede ao povo que cumpra as medidas ficando em casa.
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