'Virou ditadura?', diz Bolsonaro sobre Witzel ameaçar pessoas de prisão
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ironizou hoje a fala do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), sobre deter e responsabilizar criminalmente as pessoas que descumprirem a determinação de isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus.
Na saída do Palácio da Alvorada, residência oficial do governo, o mandatário foi questionado por um apoiador sobre o assunto. A resposta veio com uma ironia: "Virou ditadura?".
Durante a carreira na política, Bolsonaro ficou conhecido pelos discursos de exaltação ao Golpe Militar de 1964 e negação dos crimes cometidos pelos militares durante a ditadura (1964-1985).
Na sessão que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, Bolsonaro chamou de "herói nacional" o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador. O militar, morto em 2015, chefiou o DOI-Codi, aparelho de repressão do regime.
A medida para restringir ainda mais o isolamento no Rio foi anunciada ontem pelo governador fluminense. Segundo ele, a recomendação dada a partir dali era uma ordem expressa da chefia do Executivo estadual.
Bolsonaro também alfinetou o seu principal desafeto no momento, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ao ser informado por um apoiador que o tucano teria supostamente colocado grades no entorno de casa, Bolsonaro respondeu:
"Por que o governador não botou grade em volta da casa dele? Não sei porque... Será que é pra cercar o vírus?".
Ontem, Witzel subiu o tom e afirmou que Bolsonaro pode ser acusado de crimes contra a humanidade por desrespeitar reiteradamente as determinações sanitárias no combate ao covid-19.
Ele demonstrou irritação com o fato de o presidente cogitar editar um decreto liberando que trabalhadores voltem a suas funções sem considerar o isolamento. Segundo Witzel, um chefe de Estado precisa respeitar os tratados internacionais assinados pelo Brasil.
Bolsonaro estimula hostilidade e jornalistas deixam entrevista
Durante a entrevista na portaria do Palácio da Alvorada, Bolsonaro incentivou atitudes hostis de apoiadores contra os jornalistas.
Um homem mais exaltado se referiu à imprensa com termos ofensivos, como "abutres". Além disso, a claque interrompia a todo momento os questionamentos dirigidos ao presidente e fazia intervenções com objetivo de atacar profissionais e veículos de comunicação.
Depois de uma pergunta sobre a postura de Mandetta, um homem que se identificou como professor de escola pública e youtuber começou a gritar que a imprensa colocava ministros contra Bolsonaro. Os jornalistas pediram respeito, mas a reação do presidente foi insuflar os apoiadores.
"É ele que vai falar, não é vocês não."
Autorizada pelo mandatário, a claque passou a hostilizar ainda mais os profissionais, que decidiram se retirar do local. Bolsonaro se mostrou surpreso com a situação: "Mas vão abandonar o povo? Nunca vi isso, a imprensa que não gosta do povo."
Auxílio de R$ 600
Bolsonaro afirmou que pretende sancionar ainda hoje o projeto de lei que estabelece um auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais em decorrência da crise provocada pelo coronavírus. O benefício, aprovado ontem pelo Senado, será concedido por um período de três meses.
O governo também quer editar hoje um decreto para regulamentar a medida. De acordo com o texto avalizado pelo Congresso, a lei beneficia ainda os autônomos e as pessoas que trabalham sob contrato intermitente (CLT, que ganham por hora ou dia trabalhado).
Além da sanção e do decreto, Bolsonaro ainda precisa publicar uma MP (medida provisória) autorizando a abertura de crédito e especificando de onde sairá o dinheiro. "Hoje! O mais rápido possível. Prioridade total."
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