Terra diz que Brasil 'não será uma Itália' e evita críticas a Mandetta
Resumo da notícia
- O deputado federal Osmar Terra reiterou sua opinião contrária às políticas de distanciamento social defendidas pelo ministro da Saúde
- "O Brasil não vai ser a Itália, não vai ser a Espanha, e vai morrer menos gente [agora] do que de H1N1", afirmou Terra
- O deputado federal Kim Kataguiri discordou de Terra e classificou como "irresponsável" o discurso do presidente Jair Bolsonaro
- O senador Randolfe Rodrigues também criticou a atuação de Bolsonaro, e a senadora Simone Tebet defendeu o isolamento social
O ex-ministro da Cidadania, deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), disse não acreditar que o número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil chegará ao da epidemia de H1N1 (cerca de 2.100 óbitos em 2009) e reiterou sua opinião contrária às políticas de distanciamento social defendidas pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e por governadores.
"O Brasil não vai ser a Itália, não vai ser a Espanha, e vai morrer menos gente [agora] do que de H1N1", afirmou Terra, em participação no UOL Debate de hoje (a partir de 15:10 no vídeo). "Adoro o Mandetta e acho que ele é qualificado. Ele teve uma posição meio lá meio cá, [mas] eu sou completamente contra a quarentena."
Vale lembrar que Itália e Espanha, além dos Estados Unidos, são atualmente os países que registram mais mortes do que a China, onde o surto começou. O total de óbitos chegou a 12.428 e 8.189, respectivamente, nos países europeus. No Brasil, o número de mortos chegou ontem a 159.
Terra afirmou que o isolamento social imposto a uma boa parte das pessoas vai quebrar a economia. "Temos que proteger os idosos. O resto tem que sair de casa e trabalhar. No H1N1 todo mundo trabalhou. Senão a economia vai quebrar, e vão querer jogar a culpa no Bolsonaro. Os prefeitos e governadores serão os responsáveis. O Bolsonaro foi muito corajoso em fazer esse discurso", declarou.
"Gripezinha"
Questionado se a covid-19 seria uma "gripezinha", como afirma o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-ministro rebateu dizendo que "não é nem gripe, nem nada", uma vez que, "em 99% das pessoas, nem dá sintomas".
"Como parar uma epidemia que não tem remédio e nem vacina? Quando acontece o efeito rebanho, vai se propagando com uma velocidade incrível e para no pico, quando 50% da população já tem o vírus. É assim que termina a epidemia. Tem que proteger as pessoas mais frágeis", defendeu o ex-ministro, que é médico (a partir de 13:00 no vídeo).
"O grupo de risco nesse caso são os idosos. Fechando escola ou não fechando escola, fazendo quarentena ou não fazendo quarentena, o achatamento da curva [do aumento no número de casos] vai vir quando tiver que vir", completou Terra.
Kim Kataguiri: 'Discurso irresponsável'
O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), porém, discordou de Terra. Segundo ele, se a situação não fosse séria, o governo "não precisava ter pedido o decreto de calamidade pública" e o discurso anti-isolamento adotado por Bolsonaro é irresponsável.
"Se não é um grande problema, ele não precisava ter pedido o decreto de calamidade pública. Um discurso irresponsável, incentivando as pessoas a irem contra o ministro da Saúde e a OMS [Organização Mundial da Saúde]. Não dá para ele [Bolsonaro] ter duas linhas", argumentou (a partir de 25:20 no vídeo).
Randolfe Rodrigues: "O presidente não pode dividir a nação"
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) criticou a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na pandemia do coronavírus. "O presidente da república não pode dividir a nação. Não pode fazer um pronunciamento e atacar imprensa, prefeitos e opositores. A condução da crise não deveria ser do presidente da república. Teria que ser do ministro da Saúde, ao lado do presidente. Estamos diante de uma crise sanitária com impactos na economia", afirmou (a partir de 18:30 no vídeo).
"Em crises como essa, a atuação do governo tem que ser proteger a vida, proteger os vulneráveis e os mais pobres, isso tem sido dito por todos os economistas liberais. O governo não tomou as medidas necessárias no início da crise", completou o senador.
Simone Tebet defende isolamento
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que ainda é cedo para tirar as pessoas de casa, apesar do impacto econômico que o isolamento gera.
"Nesse momento, o Brasil comporta ficar até um mês parado. O trabalhador tem o seguro-desemprego. Nós estamos fazendo o dever de casa para dar o suporte aos trabalhadores. O que o governo está pedindo, e tem que haver a parcela de compreensão, é para que 'fiquem em casa porque estamos preparando o serviço de saúde para vocês'. Dentro de 30 dias, o Brasil comporta essa paralisação. E o Congresso garante recursos para quem precisa", disse (a partir de 52:00 no vídeo).
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