Randolfe: Processo de impeachment de Bolsonaro é 'irresponsabilidade atroz'
Resumo da notícia
- O senador Randolfe Rodrigues, opositor de Jair Bolsonaro, se posicionou contra um eventual processo de impeachment
- "Seria de uma irresponsabilidade atroz", opinou o senador, durante sua participação no UOL Debate de hoje
- Randolfe também disse que a saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, seria outra irresponsabilidade
- O ex-ministro Osmar Terra (DEM-RS) não acredita nas hipóteses de queda de Bolsonaro ou Mandetta
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), opositor declarado de Jair Bolsonaro (sem partido), se posicionou contrário a um eventual processo de impeachment contra o presidente, por conta de sua postura em meio à pandemia do novo coronavírus.
"Eu sou contrário a qualquer processo de impeachment neste momento. Seria de uma irresponsabilidade atroz", opinou o senador, durante sua participação no UOL Debate de hoje (a partir de 45:10 no vídeo). "O maior problema do governo é que não temos um discurso único. Se ele [Bolsonaro] não está atentando contra a saúde pública, está atentando contra a federação", completou.
Randolfe também comentou sobre a permanência do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no cargo. Para ele, também seria irresponsabilidade demitir Mandetta neste momento, ainda que o ministro e o presidente tenham adotado posicionamentos diferentes quanto ao distanciamento social.
"O dano na economia está dado, mesmo que não estivéssemos em quarentena. Somos dependentes da China, dos Estados Unidos e da Europa; impactando lá, é óbvio que iria impactar aqui. Eu espero que não haja demissão do ministro, porque seria um ato de irresponsabilidade e causaria ainda mais demissão [na sociedade]", avaliou.
Kim Kataguiri: "Seria o derretimento do governo"
O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) concordou que a saída de Mandetta seria irresponsável e "o derretimento final do governo". "Independentemente das medidas de isolamento, a pandemia é recessiva. A vida não tem preço, mas, do ponto de vista econômico, mais morte é menos mão de obra", ponderou (a partir de 56:20 no vídeo).
Já o ex-ministro Osmar Terra (DEM-RS) não acredita nas hipóteses de queda de Bolsonaro ou Mandetta. "Nem demite o ministro, nem cai o Bolsonaro. Tem que afinar o discurso. O ministro é um ótimo ministro. Não é fritura pública. Eu defendo isso desde 2009, que sou contra fazer recessão com uma epidemia que não vai ser devastadora", afirmou (a partir de 1:02:45), referindo-se à epidemia de H1N1.
O UOL Debate de hoje teve a participação dos senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e dos deputados federais Osmar Terra (DEM-RS) e Kim Kataguiri (DEM-SP). A discussão foi mediada por Tales Farias, jornalista e colunista do UOL.
Queixa-crime contra Bolsonaro
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Mello, determinou que a PGR (Procuradoria-Geral da República) analise uma notícia-crime apresentada contra Bolsonaro. O despacho é da última sexta-feira (27) e foi tornado público ontem no sistema do Supremo.
A petição, protocolada na Corte no último dia 25 pelo deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), pede que a Procuradoria promova denúncia contra Bolsonaro, devido ao "histórico das reiteradas e irresponsáveis declarações" feitas por ele sobre a pandemia de covid-19.
Qualquer denúncia de crime comum contra um presidente da República durante o mandato deve ser apresentada pela PGR — hoje ocupada por Augusto Aras. A PGR denuncia ao STF, que pede autorização à Câmara para investigar. Na Câmara, são necessários dois terços dos votos dos deputados para que a investigação seja levada adiante.
Depois disso, a denúncia segue para o STF analisar. Os ministros votam e decidem se o presidente vira réu e é afastado por 180 dias.
A queixa-crime, que cita o distanciamento social pregado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pelo Ministério da Saúde, diz que Bolsonaro, com suas atitudes, infringe "determinações do poder público, destinadas a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa".
A petição lista uma série de declarações e ações do presidente sobre a covid-19, chamadas pelos advogados que subscrevem o documento de "irresponsáveis". Entre elas estão:
- A resistência de Bolsonaro em repatriar brasileiros que estavam em Wuhan, primeiro epicentro da covid-19 (depois, o governo federal coordenou uma operação que trouxe o grupo de volta ao Brasil);
- Os momentos em que o presidente minimizou o problema, com expressões e frases sobre a crise como "fantasia", "entrar numa neurose", "histeria", "não é tudo que dizem" e "gripezinha";
- O pronunciamento em rede nacional de 24 de março, quando Bolsonaro voltou a subdimensionar a covid-19, criticou governadores e defendeu o fim da quarentena.
O Palácio do Planalto informou, por meio de nota, que não vai comentar o assunto.
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