Topo

Falta em votação e ironia com vereadores: C. Bolsonaro exerce mandato do DF

O vereador Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente da República - Sergio Lima/AFP
O vereador Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente da República Imagem: Sergio Lima/AFP

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

03/04/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Vereador no Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro tem exercido seu mandato a distância, em Brasília
  • Lá, o filho do presidente tem participado das reuniões do gabinete de crise montado pelo governo federal no combate ao coronavírus
  • Nas sessões virtuais da Câmara do Rio, Carlos Bolsonaro já deixou de votar em matérias consideradas importantes e costuma se manter em silêncio
  • Chamou a atenção uma mensagem que ele mandou para ironizar o vereador Tarcísio Motta (PSOL), que havia criticado Jair Bolsonaro

Em Brasília, de onde passou a exercer seu mandato de vereador eleito pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos) tem participado das reuniões do gabinete de crise montado pelo governo federal para combater a pandemia do coronavírus.

Nas sessões virtuais da Câmara Municipal do Rio, no entanto, o filho de Jair Bolsonaro não tem demonstrado a mesma dedicação vista em reuniões com ministros e membros do governo — o que o fez ser presenteado pelo pai com uma sala no Palácio do Planalto.

Desde o último dia 22, quando a Câmara Municipal passou a dedicar as suas votações exclusivamente às questões relacionadas ao combate da covid-19, Carlos tem declarado presença nas sessões feitas através do Whatsapp. Porém, o fato de o vereador estar online não tem sido sinônimo de participação efetiva.

Ele já deixou de votar em matérias consideradas importantes e costuma se manter em silêncio, enquanto os demais debatem temas do município. "Ninguém tem certeza de que ele está ali", disse um vereador à reportagem do UOL.

O silêncio do filho 02 de Jair Bolsonaro foi quebrado em duas ocasiões, com o objetivo de defender o pai e propagar ações do governo federal.

Na primeira delas, ele respondeu a uma fala de Tarcísio Motta (PSOL), após o adversário político contestar o pronunciamento feito em cadeia nacional, na véspera, pelo presidente da República; na segunda, enviou para o grupo montado pelos vereadores do Rio materiais de divulgação do governo Bolsonaro, sobre as ações contra o coronavírus.

No dia 26 de março, Carlos se manifestou pela primeira vez, depois de assistir ao vídeo enviado por Tarcísio. "Pela ordem, em virtude da politização mentirosa do ocorrido país pelo piçóu [sic], desinformando e criando pânico à população", escreveu.

Como o número de telefone usado por ele era desconhecido para os demais vereadores, coube a Renato Cinco (PSOL) perguntar quem estava falando. Carlos, então, respondeu sugerindo um trocadilho de baixo calão. "Renato Cinco, a colocação foi do Sr. Mário", disse.

Em seguida, Carlos enviou para o grupo um material de divulgação das ações da presidência da República e afirmou estar legislando à distância. "Me encontro em Brasília em contato direto com muitas informações sobre o assunto covid-19. Acabo de sair de reunião com o presidente e prefeitos das capitais para alinhamento do destino de recursos e medidas contra o coronavírus", escreveu, antes de encaminhar o texto.

O posicionamento de Carlos foi enaltecido por dois vereadores conhecidos como seus "fieis escudeiros" na Câmara Municipal: Leandro Lyra (que migrou com ele para o Republicanos) e Alexandre Isquierdo (MDB).

A reportagem do UOL não conseguiu contato com o gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara do Rio.

Atividade de Carlos nas sessões

Embora declare presença nas sessões, Carlos Bolsonaro nem sempre se faz notável. Apesar disso, o vereador fez movimentos considerados "inusitados" na última semana: chegou a votar de maneira favorável a um projeto do seu adversário político Reimont (PT) — com quem já bateu boca no plenário e o chamou de "cabeça de balão", no ano passado.

  • Dia 22/03 - Pelo Whatsapp, Carlos votou "sim" à emenda do vereador Jones Moura (PSD), no projeto de alteração da escala da Guarda Municipal. Apesar de ter sido favorável à alteração da escala durante a pandemia do coronavírus, o vereador não votou o projeto emendado;
  • Dia 23/03 - Carlos Bolsonaro não votou o projeto de fechamento do comércio. Como não foi feita chamada nesse dia, não se sabe se ele acompanhou a sessão;
  • Dia 25/03 - Apesar de ter declarado presença na sessão online, Carlos Bolsonaro não votou nos projetos e emendas debatidos naquele dia;
  • Dia 28/03 - Foi favorável na primeira discussão à criação do fundo de emergência para o município e também foi favorável à primeira discussão sobre a desvinculação das receitas municipais;
  • Dia 30/03 - Votou "sim" para o projeto do fundo municipal e a uma emenda apresentada pelo vereador Reimont (PT). No mesmo dia, votou "sim" pela desvinculação das receitas do município e a uma emenda da vereadora Teresa Bergher (PSDB) que obrigava a prefeitura a colocar em seu site as receitas desvinculadas.