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'Eu não sou racista', diz Weintraub após usar Cebolinha para ironizar China

Abraham Weintraub também acusou a China de "lucrar em cima da vida das pessoas" ao sugerir que o governo segurou informações sobre a doença - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Abraham Weintraub também acusou a China de "lucrar em cima da vida das pessoas" ao sugerir que o governo segurou informações sobre a doença Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

06/04/2020 12h04

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou em entrevista hoje à Rádio Bandeirantes que não foi racista e preconceituoso em sua publicação no Twitter em que criticava a China usando o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica. "Quem disse que eu sou racista, tem que provar que sou racista. Eu não sou racista. Pela minha origem familiar e pela origem pessoal."

Abraham Weintraub disse ter feito seu MBA na universidade chinesa de Hong Kong, o que lhe isenta de racismo com o povo chinês. "Falar que sou racista, se fosse um brasileiro, teria que provar na justiça. Não acho que foi um post pesado, tenho muito amigos chineses e já fui lá", disse.

O ministro acusou a China de segurar informações sobre o coronavírus e afirmou que, agora, o país estaria lucrando com leilões de equipamentos hospitalares, como respiradores. "O governo da república chinesa poderia alertar o mundo inteiro que ia faltar. Isso não foi feito. Agora que estamos desesperados, apareceu respiradores e equipamentos que eles estão leiloando". Ele não apresentou provas sobre as acusações que fez contra os chineses.

O post no Twitter

A publicação do tuíte por Weintraub gerou críticas na web, sendo que a própria embaixada chinesa repudiou o ministro da Educação. Ele escreveu, usando a fala característica do Cebolinha - que troca a letra "R" por "L":

weintraub - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Imagem: Reprodução/Twitter

""Geopolíticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?"

Weintraub apagou o tuíte a pedido de um colega, mas não informou o nome. Na entrevista, ele negou que foi um pedido do presidente Jair Bolsonaro e afirmou que só pede desculpas com uma condição.

"Eles que vendam mil respiradores para nós com o preço de mercado. Se colocarem esses respiradores, seja na embaixada, eu vou lá e peço desculpas e falo que sou um idiota, sou um imbecil. Eles estão ganhando dinheiro em cima de vida humana", afirmou, sem apresentar provas de suas denúncias novamente.

Mesmo acusando o governo chinês, Weintraub acredita que vírus não é uma invenção de laboratório que foi planejada. Mas questiona a postura da China, que segundo ele, "segurou informações".

"A gente poderia ter sido informado sobre as características dessa gripe. O chinês é como um ser humano qualquer. A cultura deles permite fazer surgir. Como o próprio ebola e a Aids veio do contato com animal silvestre. Nos próximos 20 anos, se não mudarem hábitos alimentares, vem outra crise dessa", disse. E mais uma vez ele não apresentou provas sobre a sua acusação.

Medidas do ministério

O ministro disse que a pasta, além de "brigar" pelos respiradores para hospitais universitários, encaminhou uma medida provisória para que merendas escolares possam ser distribuídas em dinheiro, já preparadas ou ainda in natura para famílias de estudantes do Brasil.

"Pegamos a verba que tinha no MEC e compramos equipamentos, mandamos mais 80 milhões semana passada. Conseguimos contratar. Sexta, mandamos 340 milhões para os hospitais. Estamos correndo com crianças que estão sem merendas nas escolas", disse.

Weintraub também reafirmou a MP que adiantou a formatura de cursos como medicina, farmácia e fisioterapia para que os estudantes possam atuar na área da saúde em meio à pandemia.