Embaixador chinês pede declaração oficial brasileira sobre ato de Weintraub
Do UOL, em São Paulo
06/04/2020 09h33
O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, escreveu no Twitter que aguarda uma declaração oficial do Governo Federal em relação à atitude do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que ironizou a China nas redes sociais.
Segundo Wanming, existe a "ciência de que os povos estão do mesmo lado" em "resistir às palavras racistas e salvaguardar a amizade". Ele marcou o perfil do Itamaraty no post.
O lado chinês aguarda uma declaração oficial do lado brasileiro sobre as palavras feitas pelo min. da educação, membro do governo brasileiro. Nós somos cientes de que nossos povos estão do mesmo lado ao resistir às palavras racistas e salvaguardar nossa amizade. @ItamaratyGovBr https://t.co/etYsXA48yw
-- Yang Wanming (@WanmingYang) April 6, 2020
Mais cedo, a conta oficial da embaixada chinesa no Twitter falou em "forte indignação" contra o ministro, afirmando que "tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil".
A polêmica teve início no fim de semana, quando Weintraub publicou uma capa de um gibi da Turma da Mônica para ironizar a China, local onde a pandemia do novo coronavírus começou.
"Geopolíticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", escreveu.
Weintraub apagou o post no Twitter, mas o fato gerou diversas reações nas redes sociais.
Esse é mais um atrito entre Brasil e China em menos de um mês. Em março, Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, disse que a culpa da epidemia era da China e comparou a pandemia ao acidente nuclear de Chernobyl.
A fala revoltou o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, que exigiu desculpas. "As suas palavras são um insulto maléfico contra a China e o povo chinês. Tal atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatuto como deputado federal nem [com] a sua qualidade como uma figura pública especial".
A Embaixada da China chegou a dizer que Eduardo Bolsonaro contraiu "vírus mental" ao voltar de Miami e que está infectando a amizades entre os nossos povos".
Na ocasião, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, pediu desculpas à China e ao embaixador pela fala de Eduardo.
"A atitude não condiz com a importância da parceria estratégica Brasil-China e com os ritos da diplomacia. Em nome de meus colegas, reitero os laços de fraternidade entre nossos dois países. Torço para que, em breve, possamos sair da atual crise ainda mais fortes", afirmou o presidente da Câmara em outro post.
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