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Gilmar: Constituição não permite que presidente adote políticas genocidas

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/04/2020 17h25Atualizada em 08/04/2020 19h29

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), criticou hoje em entrevista ao UOL os choques que ocorreram entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante a luta contra a pandemia do novo coronavírus, e disse que o governo não pode ter "políticas genocidas".

"Eu não previa que isso [demissão de Mandetta] fosse acontecer e certamente não é desejável. O presidente da República dispõe do poder de exonerar seus ministros", disse Gilmar.

Agora, a Constituição não permite que o presidente adote políticas genocidas. Políticas que afetem de maneira crucial, global, a vida da população. Me parece que é preciso pensar muito nesse contexto
ministro Gilmar Mendes, do STF

O presidente Bolsonaro já fez várias críticas públicas à condução de Mandetta no combate à pandemia e tem realizado ações que contrariam as orientações do Ministério e da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre distanciamento e isolamento social.

O ministro do Supremo pediu mais união entre os diferentes setores do governo federal diante do combate à covid-19.

"É desejável de fato que haja uma articulação, um afinamento dessa orquestra, que de fato os ministérios da Saúde, Economia, Casa Civil trabalhem juntos nesse momento", afirmou.

Um pouco antes, também usando a comparação com uma orquestra, Gilmar Mendes elogiou o Legislativo pelo trabalho realizado desde o início do surto de coronavírus no Brasil.

"Eu acho que o Legislativo vem atuando de maneira bastante efetiva, já vinha atuando, não tem participado desse bate-cabeça da administração pública, e aparentemente se apresenta de maneira mais organizada. Aquilo parece hoje estar muito mais próximo de uma orquestra. Poderia ter as propostas mais mirabolantes, irresponsáveis, mas tudo parece estar devidamente coordenado, o parlamento tem dado exemplos de maturidade que tem faltado em outros setores muitas vezes", disse o ministro.