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Senadores criticam dossiê de Bolsonaro e cobram posição de Davi Alcolumbre

4.mar.2020 - Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), concede entrevista após sessão extraordinária - Waldemir Barreto/Agência Senado
4.mar.2020 - Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), concede entrevista após sessão extraordinária Imagem: Waldemir Barreto/Agência Senado

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

17/04/2020 11h37Atualizada em 17/04/2020 12h20

A revelação de que Jair Bolsonaro (sem partido) estaria em posse de um suposto dossiê contra Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governador João Doria (PSDB-SP) e um setor do STF (Supremo Tribunal Federal) provocou reações de líderes do Senado. Senadores de direita, esquerda e centro criticaram Bolsonaro e cobraram do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), esclarecimentos junto à Presidência da República.

Durante sessão virtual nesta sexta-feira (17), os líderes do MDB, PSD e PDT condenaram a existência de informações e investigações informais sobre autoridades do país. Esses três partidos representam 26 dos 81 senadores da Casa. Davi conduzia a sessão pela manhã e não havia se posicionado sobre a informação nem sobre as cobranças dos senadores.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), negou a existência da investigação. O suposto dossiê foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.

"Faço questão de, em nome do MDB, rechaçar e repudiar esse tipo de conduta sem que se apresente provas e se eslcareça os instrumentos e ferramentas utilizadas para tais afirmações", disse o líder do MDB, Eduardo Braga (AM). Ele cobrou que Alcolumbre, como presidente do Senado, peça esclarecimentos à Presidência.

À frente do PDT, Weverton (MA) disse que essa investigação coloca em risco a independência e os trabalhos dos senadores.

"Temos que saber de onde saiu essa informação e se o Senado não está sendo investigado. Me recuso trabalhar de forma independente sem ter segurança jurídica e política, sem ter segurança [de saber] se estamos sendo inspecionados", afirmou.

O líder do PSD, Otto Alencar, condenou a atitude de Bolsonaro.

"Será que estamos em uma democracia com garantias? Vai-se, agora, voltar ao grampo para identificar aquilo que as pessoas pensam? Essa democracia do presidente não é a nossa democracia", disse.

O líder do governo Fernando Bezerra pediu para que os líderes não especulassem sobre uma "matéria jornalística que carece de verdade".

"O presidente da República, com quem falei ao telefone, fez questão de dizer que não se manifestou da forma como a Folha de S.Paulo publicou. Que ele desmente categoricamente essa publicação e que a Secretaria de Comunicação da Presidência vai soltar uma nota oficial desmentindo essas informações", disse.

Pautas da sessão

A sessão virtual do Senado de hoje analisa dois temas controversos: a medida provisória do contrato verde amarelo e a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que cria o Orçamento de Guerra. Nenhuma das duas pautas tem consenso.

Na noite de ontem, o presidente Jair Bolsonaro atacou o presidente da Câmara e disse que Maia conspira contra seu governo e "enfia a faca" no Poder Executivo. Em resposta, o presidente da Câmara disse que enquanto Bolsonaro "joga pedras", o Parlamento vai "jogar flores".