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Jefferson: 'Fora Maia' esfriou possível impeachment de Bolsonaro na Câmara

Do UOL, em São Paulo

27/04/2020 17h53

A possibilidade de votar na Câmara dos Deputados um processo de impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) serviria para fortalecer o presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Pelo menos, no ponto de vista do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB — que, porém, vê Maia recuando frente a reações populares.

Em entrevista hoje ao colunista Tales Faria, do UOL, Jefferson coloca a possibilidade de impedir Bolsonaro como uma moeda de troca. Maia, segundo ele, ganharia votos para um Projeto de Emenda à Constituição que viabilizaria sua reeleição como presidente da Câmara.

"Houve inicialmente uma trama no sentido do impeachment, que era aquela troca: o Rodrigo Maia aceitar o pedido de impeachment e ganhar mais dois anos de mandato como presidente da Câmara dos Deputados. Ele receberia (o processo), mandaria instaurar a comissão processante contra o Bolsonaro, pegava a cabeça do Bolsonaro e entregava na mão de todo mundo, principalmente do DEM e do PSDB, que lideram hoje esse movimento de desestabilização do governo, e atrás a esquerda se satisfaria com isso", afirmou Jefferson.

"E qual era a compensação do Rodrigo Maia? Votar aquela PEC 101 do (então) deputado Benedito de Lira (PP-AL), de 2003, que permite que, dentro da mesma legislatura, o deputado possa se reeleger presidente da Câmara dos Deputados", acrescentou.

No entanto, para o ex-deputado, Rodrigo Maia recuou diante de manifestações populares que poderiam colocar em risco seu cargo.

"Ele mudou. Ele andou sumido, se assustou. A repercussão foi grande, começou um 'Fora Maia' violentíssimo. Ele só não teve um 'Fora Maia' do tamanho do 'Fora Dilma'. Eu torci como milhões de pessoas na rua espontaneamente. Mas ele sentiu que ele desafiou gente disposta a lutar com ele, e ele voltou atrás", avaliou.

"Derrotada a tese do impeachment, o Fernando Henrique (Cardoso) veio com uma pérola em meados da semana passada: nós temos que forçar a renúncia do Bolsonaro. Tese à qual já aderiu a Janaína (Paschoal, deputada estadual do PSL em SP) e já aderiu o (governador de São Paulo, João) Doria (PSDB). O que eles querem? Através dos ministros tucanos do Supremo Tribunal Federal, (querem) escandalizar em cima dos filhos do Bolsonaro."