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Rolando herda na PF peso de polêmica Ramagem, diz federação de delegados

Diretor-geral da PF, Rolando Alexandre de Souza (dir), ao lado de Jair Bolsonaro - Isac Nóbrega/PR/Divulgação
Diretor-geral da PF, Rolando Alexandre de Souza (dir), ao lado de Jair Bolsonaro Imagem: Isac Nóbrega/PR/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

04/05/2020 14h22

O presidente da Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef), Luiz Antonio Boudens, disse que recebeu de forma positiva a nomeação de Rolando Alexandre de Souza para o cargo de diretor-geral da PF. Porém, em entrevista para a CNN Brasil, Boudens disse que Rolando herda o peso que Alexandre Ramagem trouxe para a indicação, o que faz com que a federação se torne vigilante.

"Recebemos de forma positiva, ele guarda bons resultados e relacionamentos por onde passou, as referências pessoais e profissionais são muito boas. É um homem de números, gosta de estatística, de manter o trabalho bem pautado por números. Acredito que ele tem bom espaço para trabalhar", disse.

"É óbvio que herda um pouco do peso que o Alexandre Ramagem trouxe na sua indicação, por toda a questão da proximidade. É óbvio que isso enseja a manutenção da nossa visão sobre fiscalização e vigilância sobre as possibilidades de interferência política sobre nossas investigações", completou.

Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro chegou a anunciar Alexandre Ramagem para o cargo. Porém, antes da cerimônia em que o novo diretor tomaria posse, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes barrou, liminarmente, a nomeação. A decisão provocou indignação do presidente, que chegou a dizer que insistiria na escolha. Hoje, porém, ele confirmou Rolando, cuja indicação foi avalizada pelo próprio Ramagem, chefe da Abin.

"(O peso vem) por tudo que cercou as crise envolvendo a escolha do diretor pelo presidente. A federação tem uma posição consolidada sobre essa prerrogativa que o presidente tem de exercer sua previsão legal de nomeação. Outra coisa é a escolha de ter sido feita com a intenção de obter interferência…", disse.

"A gente vai se manter vigilante e este peso é justamente isso, de ser indicado pelo presidente, pelo próprio Ramagem, por ter especulações em torno dessa proximidade com o presidente, com a família. Então caberá a ele cumprir seu papel sem deixar espaço para qualquer tipo de sugestão ou notícia de interferência. Papel importante republicano que ele terá que manter", completou.

Por último, ele disse que a federação consegue ter a vigilância necessária para saber se haverá tentativa de interferência.

"O diretor-geral ele é um gestor administrativo, não trata internamente de investigação, não invade este espaço de autonomia do grupo. Isso seria muito fácil de verificar pelos próprios policiais federais. Minha experiência de 25 anos de PF me trouxe segurança para, na presidência da federação, verificar todos os subterfúgios que poderiam gerar algum interferência. São muito fáceis de detectar", disse.