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Advogado de Bolsonaro: Moro jogou carreira fora por um delegado de polícia

Ex-juiz Sergio Moro, que pediu demissão do cargo de ministro da Justiça - UESLEI MARCELINO
Ex-juiz Sergio Moro, que pediu demissão do cargo de ministro da Justiça Imagem: UESLEI MARCELINO

Do UOL, em São Paulo

06/05/2020 17h34

Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) afirmou hoje, em entrevista para a CNN, que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro desperdiçou sua carreira "por causa de um delegado de polícia", referindo-se ao ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo.

"É importante lembrarmos que um ministro da Justiça, sua relação com diretor-geral da PF deve ser institucional, impessoal. Não pode ser de cunho emocional tão forte a ponto de fazer um magistrado, com carreira muito importante, jogar fora tudo isso para virar ministro e, por causa de um delegado de polícia, ele joga fora sua carreira, confronta com o poder do presidente e gera um escândalo em plena crise do coronavírus", disse Wassef.

"O que não para em pé essa história, que eu não consigo entender, o que leva um ministro brigar com o presidente e fazer imputação de coisas que não existem, criar escândalo que afetou até a economia, tudo em função de um delegado de polícia. Isso me autoriza acreditar que a relação [com Valeixo] era muito forte, de cunho emocional, e aí também poderia ter o direito de entender quem talvez quisesse ter uma ingerência é o próprio Sergio Moro."

O advogado afirmou, ainda, que o depoimento do ex-ministro serviu apenas como opinião e que o chefe do Executivo nem precisa mais de advogado.

"Acredito que o presidente nem necessite mais de advogado, porque ele já foi defendido pelo próprio Sergio Moro, em seu depoimento, que nada existe. O resto do depoimento é nada, apenas conversas e trocas de mensagens que não significam absolutamente nada", acrescentou.

O advogado selecionou trechos do depoimento de Moro em que o ex-juiz afirma que o presidente não quis interferir na Polícia Federal. Porém, ao ser questionado sobre a declaração feito pelo ex-ministro de que Bolsonaro queria mexer apenas na superintendência do Rio de Janeiro, disse que não está afirmando que isso "seja verdade e que o presidente, em momento oportuno, vai se manifestar".

"Quando o presidente solicita o diretor-geral [para a Polícia Federal] é um ato corriqueiro. Quando o presidente, em novembro, precisar nomear um ministro do STF, vão acusá-lo de fazer uma ingerência política? A premissa disso é um ato normal que não pode ser transformado em outro nome. Isso é fake news. É uma mentira. Ele [Bolsonaro] disse que queria uma superintendência. Não sei se isso é fato verídico, após o presidente se manifestar que ocorreu, vamos nos manifestar".

Wassef disse, ainda, em tom hipotético, que há "50 motivos para que um presidente possa sugerir ao seu ministro" a troca de uma superintendência: "Estamos falando de favelas, fuzis. [Mas] Não estou afirmando que ele fez, o presidente vai falar".